Venezuela diz que milhares de migrantes querem retornar ao país

Caracas afirma que estão atendendo a pedido de Maduro para que "parem de lavar privadas no exterior"

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DW

O governo da Venezuela afirmou ter recebido milhares de pedidos de venezuelanos que querem retornar ao país. Caracas aproveitou para atacar "as campanhas xenófobas" contra migrantes venezuelanos na América Latina.

O ministro das Comunicações da Venezuela, Jorge Rodríguez, disse nesta quarta-feira (29) que as embaixadas venezuelanas em todo o mundo receberam "milhares de pedidos de ajuda" de seus cidadãos em busca de repatriação.

Pessoas na rua em Caracas durante apagão na cidade, o segundo em 24 horas
Pessoas na rua em Caracas durante apagão na cidade, o segundo em 24 horas - Ronaldo Schemidt/AFP

No dia anterior, na terça-feira, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, tentou alcançar as centenas de milhares de venezuelanos que fugiram do país e lhes pediu que "retornassem da escravidão econômica".

"Parem de lavar privadas no exterior e voltem a morar em sua terra natal", pediu Maduro. De acordo com Rodríguez, venezuelanos estão atendendo a essa convocação.

Segundo a ONU, 2,3 milhões de venezuelanos vivem atualmente fora de seu país, ou 7,5% da população, sendo que 1,6 milhão deixaram a Venezuela depois de 2015, devido à crise econômica, que levou à escassez de alimentos e remédios. Na quarta-feira, várias partes de Caracas e estados vizinhos sofreram outra queda de energia, o segundo grande apagão no mês de agosto.

Maduro atribui a crise do país ao que ele diz ser uma "guerra econômica" travada contra seu governo e classifica o êxodo venezuelano de uma "campanha de direita". Ele afirmou recentemente que suas novas reformas econômicas estimularão os migrantes a retornar e a participar da reconstrução do país.

Rodriguez apontou Peru, Equador e Colômbia como países onde os venezuelanos foram vítimas de "xenofobia e crimes de ódio". Na segunda-feira, o governo venezuelano fretou um avião que trouxe de volta 89 cidadãos que estavam no Peru —segundo Maduro, eles sofreram "racismo, desprezo, perseguição econômica e escravidão".

Peru e Equador impuseram recentemente novos obstáculos para os imigrantes venezuelanos, obrigando-os a mostrar um passaporte para entrada —num momento em que Caracas não tem emitido passaporte para seus cidadãos.

O governo venezuelano não chegou a criticar o Brasil, que recentemente foi atingido por uma onda de violência xenófoba na fronteira, especialmente como resultado das tensões entre a população local e os refugiados do país vizinho. O presidente Michel Temer aprovou o envio de tropas para Roraima.

Líderes regionais devem se reunir no âmbito da cúpula da OEA (Organização dos Estados Americanos), em 5 de setembro, para debater a crise na Venezuela.

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, disse que o "governo ditatorial" de Maduro criou uma situação "exasperante" e mostrou "uma dissociação completa dos problemas do povo", bem como uma "incapacidade absoluta" de suprir as necessidades básicas da população.

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