Descrição de chapéu Venezuela

Venezuela pede que Interpol prenda líder oposicionista

Julio Borges vive na Colômbia e, segundo o governo, está envolvido em suposto ataque a Maduro

O ex-presidente da Assembleia Nacional venezuelana Julio Borges, em Bogotá (Colômbia) - Raul Arboleda - 9.aog.2018/AFP
Caracas
AFP

A Venezuela pediu à Interpol nesta sexta-feira (10) a captura do líder opositor Julio Borges, exilado na Colômbia, por sua suposta participação no que o regime considera um atentado contra o ditador Nicolás Maduro no sábado (4). 

"Estamos pedindo código vermelho para o senhor Julio Borges", disse o ministro da Informação e da Comunicação, Jorge Rodríguez.

A solicitação se estende a outros supostos envolvidos no ataque de sábado passado que moram na Colômbia e nos EUA, disse o ministro. 

 

Na quarta, a Suprema Corte venezuelana, controlada por Maduro, havia determinado a prisão de Borges --algo inviabilizado pelo fato de ele estar fora do país desde fevereiro.

"Me sinto seguro na Colômbia, me sinto agradecido. Esse ato não existe nem política nem legalmente", afirmou Borges, em Bogotá, na ocasião. "Não houve atentado, isso que o governo inventou é uma cortina de fumaça criada para ameaçar, reprimir."

O pedido junto à Interpol foi feito após a divulgação de um vídeo gravado pelas autoridades venezuelanas que mostram o deputado opositor Juan Requesens, preso na terça-feira (7) e também acusado pelo ataque.

No trecho de 47 segundos do vídeo, Requesens, 29, aparece afirmando que atendeu a pedido de Borges para ajudar uma pessoa a cruzar a fronteira entre a Venezuela e a Colômbia.

Essa pessoa foi identificada como Juan Monasterios, um militar venezuelano reformado da Guarda Nacional, preso após o incidente de sábado.

"Há várias semanas fui contatado por Julio Borges, que me pediu o favor de passar uma pessoa da Venezuela à Colômbia. Trata-se de Juan Monasterios, que contatei através de mensagem de texto", afirma Requesens.

Embora o governo diga que o vídeo seja uma admissão de culpa, Requesens não confessa nem menciona o ataque. Também não se sabe em que condições o vídeo foi feito. 

A família do deputado e seu partido, o Primeiro Justiça (centro-direita), acusam os captores de tê-lo torturado e drogado, fazendo com que ele perdesse o controle de suas funções fisiológicas.

Um dos principais líderes dos protestos contra o regime de 2017, Requesens foi capturado pelo Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin, polícia política do chavismo) na terça.

Horas antes de ser preso, declarou que a oposição continuaria a lutar para depor Maduro e o responsabilizou pelas mortes nos protestos e pela saída do país de opositores.

Depois de três dias preso, o deputado foi transferido nesta sexta do Helicoide, sede da Sebin em Caracas, para o Palácio de Justiça, para ser apresentado diante de uma corte.

Em sua conta nas redes sociais, informaram que ele não tinha tido acesso a advogados até esta sexta. "Requesens e Borges estiveram diretamente envolvidos no planejamento e na execução [do atentado] como cúmplice e mentor", disse Rodríguez, chamando os dois de "covardes".

A Assembleia Constituinte, governista, retirou a imunidade parlamentar de ambos. A imunidade parlamentar "não existe na Constituição para assassinar o presidente da República", afirmou o ministro.

O chanceler colombiano, Carlos Holmes Trujillo, disse que ainda não recebeu um pedido formal de extradição de Borges e de e outras cinco pessoas suspeitas de terem participado do suposto atentado, pela Venezuela. 

"Não gosto de falar sobre hipóteses. Vamos ver. O pedido de extradição não chegou, se é que vai chegar. Se chegar, o analisaremos", disse.

Em nota, o governo brasileiro disse ter tomado conhecimento "com grave preocupação" da prisão de Requesens, "ao arrepio da institucionalidade democrática da Venezuela", e da ordem de captura de Borges. "Ao condenar ambas as medidas, o Brasil recorda as obrigações internacionais do Estado venezuelano com a democracia representativa."

O texto diz ainda que os incidentes de sábado, "embora mereçam investigação independente e crível, não devem servir de pretexto para o agravamento da repressão --já intensa-- à legítima e legal oposição política e parlamentar ao governo do presidente Nicolás Maduro."

O regime afirmou que se tratou de uma tentativa de assassinato a aproximação de dois drones com explosivos do palco em que o ditador fazia discurso por ocasião do 81º aniversário da Guarda Nacional. 
Maduro estava acompanhado da mulher e de comandantes militares, que saíram ilesos.

Sete soldados ficaram feridos. Rodríguez afirmou que um dos drones foi "acionado de maneira remota dos EUA". 

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