Após referendo, premiê da Macedônia pede a Parlamento que mude nome do país

Consulta não teve votos suficientes para ser considerada válida; oposição quer rejeitar proposta

Grupo de dez pessoas segura bandeiras da Macedônia
Manifestantes contrários à mudança do nome da Macedônia e que boicotaram o referendo comemoram o resultado em Skopje - Marko Djurica - 30.set.18
Skopje (Macedônia) | Reuters

O primeiro-ministro da Macedônia, Zoran Zaev, pediu neste domingo (30) ao Parlamento o avanço do projeto que muda o nome do país para resolver uma disputa com a Grécia horas depois de não ter conseguido assegurar os 50% de comparecimento às urnas para que o referendo que convocou sobre o tema tivesse validade.

A mudança do nome para Macedônia do Norte é parte de um acordo selado em junho com os gregos, que não liberam a entrada dos macedônios na União Europeia e na Otan por considerar que o vizinho usurpa o nome de uma de suas províncias e teria pretensões de anexá-la.

Com 85% dos votos apurados, a participação na consulta foi de 36%. Destes, 90% votaram no sim à mudança. “É claro que neste referendo uma decisão não foi tomada”, disse o chefe da comissão eleitoral, Oliver Derkoski.

O resultado era esperado, já que os opositores à medida pediram aos eleitores que se abstivessem em vez de votar não. “É claro que o acordo com a Grécia não recebeu o sinal verde do povo”, afirmou Hristiain Mickoski, líder do partido Organização Revolucionária Interna da Macedônia - Partido Democrático para a Unidade Nacional Macedônia (direita nacionalista).

O referendo não era vinculante, mas os parlamentares haviam se comprometido a respeitar seus resultados. Logo, a baixa participação dá licença aos opositores a votar contra o acordo com Atenas. Os ultradireitistas têm 49 das 120 cadeiras do Parlamento.

Em seu discurso, o primeiro-ministro não fez menção à abstenção, mas disse que os votos no sim devem ser respeitados. “Estou determinado a levar a Macedônia à União Europeia e à Otan.”

O Ministério das Relações Exteriores da Grécia declarou que respeita a vontade da população da Macedônia, à qual se refere como Ex-República Iugoslava da Macedônia.

Com as pesquisas mostrando que a maioria dos macedônios quer aderir à Otan e à União Europeia, a oposição direitista argumentou que a mudança do nome prejudicava a identidade da maioria eslava. 

Já os apoiadores consideram que a alteração é um preço justo a pagar para conseguir entrar nos dois blocos.

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