Atentado no Irã deixa ao menos 25 mortos e mais de 60 feridos

Ataque ocorreu na cidade de Ahvaz, durante parada militar, e ainda não teve autoria reivindicada

Soldado iraniano carrega uma criança ferida após ataque a tiros durante uma parada militar, em Ahvaz - Mehr News Agency/Associated Press
 
 
Teerã | Reuters e Associated Press

Quatro homens armados atacaram uma parada militar iraniana neste sábado, em Ahvaz, no sudoeste do Irã, matando pelo menos 25 pessoas e ferindo ao menos 60.

O ataque teve como alvo um encontro de autoridades iranianas na cidade de Ahvaz para assistir à cerimônia anual que marca o início da guerra de 1980-88 contra o Iraque.

O atentado matou ao menos oito membros da Guarda Revolucionária Islâmica, de elite, e outros 20 feridos, informou a mídia local.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, acusou países árabes do golfo, apoiados pelos Estados Unidos, de estarem por trás do ataque. A declaração do aiatolá deve aumentar tensões entre o Irã e a Arábia Saudita e seus aliados, que, junto com os EUA, vêm isolando o país persa.

"Esse crime é uma continuação dos planos de Estados da região, que são marionetes dos EUA. O objetivo deles é criar insegurança em nosso querido país", disse Khamenei, sem dizer quais seriam as nações envolvidas.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, havia, mais cedo, culpado países da região e "mestres americanos" pelo ataque.

O ministro disse que crianças e jornalistas estão entre as vítimas do ataque.

Ele acrescentou que os atiradores eram "terroristas recrutados, treinados, armados e pagos por um regime estrangeiro", sem afirmar de quem se trata.

Relatos de como o ataque aconteceu ainda não estão claros. Um repórter da TV estatal IRIB disse que o tiroteio veio de um parque próximo ao local. 

AUTORIA

Um movimento de oposição árabe de etnia iraniana chamado Ahvaz National Resistance, que busca um estado separado na província de Khuzestan, rica em petróleo, reivindicou a responsabilidade pelo ataque.

Militantes do grupo terrorista Estado Islâmico também reivindicaram a responsabilidade. Nenhuma delas, no entanto, forneceu provas. Todos os quatro atacantes foram mortos.

'SINAL DE PODER'

Apesar de o ataque ainda não ter sua autoria revelada, para o vice-almirante Ali Fadavi, membro da Guarda Revolucionária do Irã, o incidente é de responsabilidade do Estado Islâmico.

"Esse ato de terror não é um sinal de poder, mas de fraqueza e continuação das ações do Daesh [Estado Islâmico] no Iraque e na Síria, onde atiram em inocentes", afirmou.

ACORDO NUCLEAR

Em Teerã, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, assistiu a um desfile militar que incluiu mísseis balísticos capazes de atingir Israel e bases militares dos EUA no Oriente Médio. Rouhani disse que a retirada dos EUA do acordo nuclear foi uma tentativa de fazer o Irã desistir de seu arsenal militar.

"O Irã não coloca seus braços defensivos de lado nem diminui suas capacidades defensivas", disse Rouhani. "O Irã aumentará seu poder defensivo dia após dia."

O atentado deste sábado é o primeiro após ataques consecutivos, em 7 de junho de 2017, ao Parlamento e ao santuário do aiatolá Ruhollah Khomeini em Teerã, em que pelo menos 18 pessoas foram mortas e mais de 50 ficaram feridas.

Khomeini liderou a Revolução Islâmica de 1979 que derrubou o xá apoiado pelo Ocidente para se tornar o primeiro líder supremo do Irã até sua morte em 1989. O ataque chocou Teerã, que em grande parte evitou ataques de militantes nas décadas após o tumulto em torno da Revolução Islâmica.

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