Ativista do Pussy Riot com suspeita de envenenamento é levado à Alemanha

Estado de saúde Piotr Verzilov, que está internado em Berlim, ainda é grave

Pyotr Verzilov, ativista do Pussy Riot, é conduzido na chegada à Alemanha
Pyotr Verzilov, ativista do Pussy Riot, é conduzido na chegada à Alemanha - Cinema for Peace/Reuters
Berlim | AFP

Piotr Verzilov, membro do grupo Pussy Riot que foi detido depois de ter invadido o gramado na final da Copa do Mundo, foi transferido neste domingo (16) para um hospital de Berlim.

O ativista de 30 anos foi internado na última terça-feira, quando começou a passar mal e perder, na sequência, a visão, a fala e a coordenação motora. A família suspeita que ele tenha sido envenenado.

Ele é editor do Mediazone, um site de notícias com foco em denúncias de violações de direitos humanos na Rússia.

"Era importante para a família que ele fosse internado o mais rápido possível fora da Rússia", afirmou Jaka Bizilj, responsável pela ONG alemã Cinema for Peace, que organizou a transferência de avião e que apoia há anos o movimento Pussy Riot.

"Essa é a razão pela qual enviamos um avião-ambulância a Moscou e esperamos que em Berlim possam ajudá-lo rapidamente, e possamos saber se foi envenenado na Rússia e como", disse.

A ativista russo Piotr Verzilov é conduzido em ambulância após a chegada em Berlim
A ativista russo Piotr Verzilov é conduzido em ambulância após a chegada em Berlim - Cinema for Peace/AFP

Tentativa de assassinato

Para a esposa de Piotr Verzilov –os dois estão separados–, não há dúvidas sobre o envenenamento.

"Parto do princípio de que foi vítima ou de um ato de intimidação ou, inclusive, de uma tentativa de assassinato por envenenamento", disse  Nadezhda Tolokonnikova ao jornal Bild.

Tolokonnikova publicou imagens da aterrissagem em sua conta do Facebook.

"Três vivas a todos os que escreveram, ligaram, visitaram, choraram e cantaram. Estamos em Berlim, está tudo bem", informou a companheira atual de Piotr Verzilov, Veronika Nikulshina, que também integra o Pussit Riot.

Verzilov e outros três ativistas foram condenados a 15 dias de prisão por ter invadido o campo durante a final da Copa do Mundo da Rússia, em julho –na ocasião, eles usaram uniformes de policiais.

Pyotr Verzilov (esq.), ativista do Pussy Riot, é levado para audiência judicial em Moscou
Pyotr Verzilov (esq.), ativista do Pussy Riot, é levado para audiência judicial em Moscou - Vasily Maximov - 31.jul.18/AFP

Alucinações

O ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, esteve em contato com os parentes de Verzilov durante a transferência para Berlim. 

Verzilov foi hospitalizado em Moscou após uma visita judicial. Depois, começou a passar mal até ser internado. Pouco depois, recobrou a consciência, mas continua tendo alucinações e delírios, segundo pessoas próximas. O estado de saúde do ativista é considerado grave.

No Canadá, o primeiro-ministro Justin Trudeau disse nesta semana que estava preocupado pelas informações sobre Verzilov.

E a internação e as suspeitas de envenenamento do ativista chegam em meio a novos desdobramentos do caso Serguei Skripal.

O governo britânico acusa dois agentes da inteligência militar russa, Ruslan Boshirov e Alexandre Petrov, de terem envenenado o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha na Inglaterra, em março, o que Moscou nega.

Em fevereiro de 2017, o opositor Vladimir Kara-Murza, que coordenava as atividades na Rússia do movimento Open Russia, entrou em coma após ser intoxicado por uma "substância desconhecida", segundo seu advogado. Os médicos encontraram em seu sangue rastros de intoxicação com metais pesados.

Erramos: o texto foi alterado

O nome do grupo Pussy Riot foi erroneamente grafado como Pussit Riot no título deste texto. O erro foi corrigido.

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