Enchente provocada pelo Florence leva peixes mortos para estrada nos EUA

Bombeiros tiveram que tirar restos de milhares de animais que ocupavam pistas na Carolina do Norte

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Centenas de peixes aparecem no acostamento de uma estrada
Peixes mortos são vistos no acostamento da rodovia interestadual 40 após serem retirados da pista por bombeiros - Jeff Garrett - 22.set.18/Departamento de Transporte da Carolina do Norte/Associated Press
Reis Thebault
Washington | Washington Post

As águas do furacão Florence e as inundações que se seguiram a ele estão recuando, mas deixaram um lembrete pungente —e pútrido— da forte tempestade que varreu a Carolina do Norte e a Carolina do Sul e transformou estradas em rios.

Milhares de peixes mortos e moribundos foram encontrados na rodovia interestadual 40, na Carolina do Norte, no final de semana, quando as águas recuaram. Dias antes, o mesmo trecho de estrada, no condado de Pender, estava completamente encoberto pela água, e pessoas percorriam a área de barco.

“Na nossa região, a tempestade trouxe quase 80 centímetros de água, e isso causou uma intensa inundação que carregou os peixes a lugares em que eles não deveriam estar”, disse Samantha Hardison, bombeira voluntária no departamento de combate a incêndios de Penderlea, e uma das pessoas encarregadas de remover os peixes de parte da rodovia.

Algumas das carcaças eram bem grandes, disse Hardison —“do tamanho da coxa de um homem”— e teriam representado uma ameaça para os motoristas quando a estrada fosse reaberta.

Os bombeiros usaram mangueiras de incêndio para a tarefa.

“Bem, vamos poder acrescentar remoção de peixes de uma rodovia com uma mangueira de incêndio à longa lista de experiências interessantes pelas quais os bombeiros passam”, postou Hardison na página de Facebook do Departamento de Combate a Incêndio no sábado (22).

“O furacão Florence causou imensas inundações em nossa área, permitiu que peixes viajassem para bem longe de seu habitat natural, e os deixou encalhados na rodovia interestadual quando as águas recuaram”.

Quando os bombeiros chegaram, eles não entenderam o que exatamente estava brilhando sobre o asfalto, disse Hardison.

“Quando chegamos lá, parecia quase uma miragem”, ela disse. “Dava para perceber que havia algo na estrada, mas não o que estávamos vendo, até chegarmos bem perto”.

E então já não havia como ignorar o que eles estavam vendo —e o cheiro que estavam sentindo. “Foi uma loucura”, disse Hardison. “Eram milhares”.

Ninguém no departamento se recorda de algo semelhante em tempestades e inundações passadas, disse. “Quando ligaram para o chefe de bombeiros, ele achou que era brincadeira. Perguntou se estava sendo zoado”, disse Hardison.

Os bombeiros limparam apenas parte da estrada com a mangueira, e chamaram o departamento de transportes do estado para concluir o serviço com outro equipamento.

Mas um vídeo sobre os esforços do departamento, postado na mídia social, atraiu mais de meio milhão de visitantes, até a manhã de domingo. O post foi um de diversos compartilhados no final de semana que destacavam o grande número de peixes perdidos. 

Um segundo vídeo mostrava peixes espalhados dos dois lados de uma estrada, e um preso em uma cerca. Um empregado do departamento do transporte também postou fotos sinistras da cena na rodovia 40. Em um comentário, alguém descreveu o “horroroso cheiro de carne em decomposição”.

 
 

Outro usuário escreveu que as mortes eram tristes, mas também um sinal de progresso.

“Graças a Deus a água está recuando”, afirmou o comentarista. “Foram semanas longas. Antes e depois do furacão. Muitas perdas, para muita gente por aqui”.

Mais de 40 pessoas morreram desde que o furacão Florence chegou, 10 dias atrás, trazendo com ele ventos fortes e chuvas pesadas, que derrubaram árvores e inundaram cidades. A tempestade forçou as autoridades a fechar escolas e estradas na região costeira do sudeste, causando dezenas de bilhões de dólares em prejuízos.

Para os moradores das Carolinas, as imagens foram ainda mais uma prova da devastação única que o Florence causou, levando muita gente a fazer uma pergunta assustadora: nos próximos dias, quando o recuo da água continuar, o que mais ela deixará para trás?

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