Europeus apoiam acolhimento de refugiados mas criticam políticas para crise

Pesquisa mostra que em dez países da UE consultados maioria desaprova medidas do bloco

Sete mulheres, todas com véu islâmico, esperam sentadas. Da direita para a esquerda a primeira e a quarta carregam crianças de colo. À frente da terceira há um menino com roupas verdes e à frente da quarta há um carrinho de bebê. Uma quinta criança, uma menina, está à distância em frente à sexta.
Mulheres e crianças fazem fila sentadas no campo de refugiados de Moria, na ilha de Lesbos, na Grécia - Elias Marcou - 27.jun.18/Reuters
Júlia Zaremba
Washington

Três anos após o ápice da crise de refugiados na Europa, boa parte dos europeus apoiam o acolhimento de imigrantes fugidos de países violentos ou em guerra, mas desaprovam a forma com que a União Europeia lida com a questão.

É o que mostra um novo estudo do Pew Research Center, centro de pesquisas em Washington, conduzido entre março e junho deste ano e divulgado nesta quarta (19).

Em 2015 e 2016, mais de 1 milhão de pessoas solicitaram asilo na Europa a cada ano, segundo dados da Eurostat (agência de estatísticas da União Europeia). Em 2017, o número reduziu para pouco mais de 700 mil. Os imigrantes fogem principalmente de conflitos na Síria, no Iraque e no Afeganistão (o primeiro país lidera o ranking desde 2013).

Alemanha, Itália, França, Grécia, Reino Unido e Espanha foram alguns dos países que mais receberam imigrantes nos últimos anos. De acordo com a pesquisa do Pew, a maioria dos entrevistados desses países são hoje favoráveis ao acolhimento dos fugidos da violência e da guerra.

A Alemanha, cuja chanceler, Angela Merkel, adotou a política e braços abertos —e depois teve que recuar parcialmente no ano passado por falta de apoio político— ocupa o terceiro lugar que , ocupa o terceiro lugar no ranking de países mais solidários aos estrangeiros, de acordo com a pesquisa, com 82% a favor do acolhimento, atrás da Espanha (86%) e da Holanda (83%).

Polônia e Hungria, por outro lado, são menos receptivos aos estrangeiros: 49% e 32% apoiam o acolhimento.

A Hungria, governada por um partido nacionalista, está atualmente na mira do Parlamento Europeu por violações ao Estado de Direito, inclusive ao direito de migrantes e refugiados, que podem levá-la a perder seu poder de voto no Conselho Europeu, que reúne chefes de governo e de Estado do bloco.

O levantamento do Pew também traz dados sobre oito países fora do bloco europeu. Nos Estados Unidos, no Canadá, no México e na Austrália, dois terços ou mais dos entrevistados apoiam o acolhimento dos refugiados.

Nos Estados Unidos, a opinião dos entrevistados não parece estar em sintonia com a de Trump: 66% dizem que são a favor do acolhimento de refugiados de lugares violentos.

Nesta semana, o governo Trump anunciou um limite de 30 mil refugiados que serão reassentados no país em 2019, redução de um terço em relação ao teto de 45 mil fixado para este ano. É o menor patamar estabelecido por um presidente desde 1980.

A forma com que a União Europeia têm lidado com os imigrantes, porém, não tem sido eficiente, segundo os europeus. Em todos os dez países do bloco ouvidos pelos pesquisadores, a desaprovação das políticas é bem maior do que a aprovação.

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