Presidente do Uruguai manda prender comandante do Exército

General teria criticado reforma do sistema de pensão militar promovida pelo governo

Montevidéu | AFP

O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, ordenou a prisão do comandante do Exército, Guido Manini Ríos, por 30 dias, após este se pronunciar publicamente contra um projeto de lei impulsionado pelo governo.

Segundo Vázquez, o militar "atua de boa fé e com a lealdade institucional que devem ter as Forças Armadas, mas se equivocou e foi sancionado".

O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, em evento em Montevidéu - Nicolás Celaya-18.jul.18/Xinhua

Manini Ríos se manifestou contra uma reforma do sistema de pensões militares e uma nova lei orgânica para as Forças Armadas. A detenção conta a partir de segunda-feira (17).

Em seu site, o governo informou que a Constituição uruguaia estabelece que "os militares não podem interferir com opiniões sobre projetos de lei". 

"A decisão de prisão por 30 dias do comandante do Exército, general Guido Manini Ríos, foi tomada por situações múltiplas que mereceram em seu momento avaliações, que contravêm regulamentações e artigos constitucionais", acrescentou o presidente.

"Comentários por parte do comandante-chefe sobre um projeto de lei que estão em discussão no Parlamento é uma atividade política", afirmou.

As declarações que motivaram a sanção foram dadas pelo general à rádio Todo Pasa no último dia 5, em que criticou o ministro do Trabalho, Ernesto Murro, após a aprovação do projeto de reforma pelo Senado.

Murro afirmou na ocasião que a reforma seria gradual e que beneficiaria os militares, ao que Manini Ríos respondeu que o ministro estava "mal informado" e que pegasse uma calculadora para fazer as contas.

Segundo o jornal uruguaio El Observador, o general pediu a seus subalternos e aos oficiais aposentados que não participem de atos em seu apoio nem assumam nenhuma posição que possa vir a ser interpretada como protesto contra a decisão do presidente Vázquez. 

"Sempre a instituição militar deve estar acima de seus integrantes, e a pátria acima de todos", teria dito o general, segundo o jornal. 

Ele pediu a todos que respeitem "a Constituição e a lei".

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