Primeiro-ministro sueco perde apoio no Parlamento e deixará cargo

Stefan Löfven continuará no comando do país até que um novo premiê seja escolhido

O primeiro-ministro da Suécia, Stefan Löfven (dir.) observa o resultado da votação no painel do Parlamento
O primeiro-ministro da Suécia, Stefan Löfven (dir.) observa o resultado da votação no painel do Parlamento - Aders Wiklund/TT/AFP
Lucas Neves
Paris

O primeiro-ministro da Suécia, Stefan Löfven, perdeu um voto de confiança no Parlamento na manhã desta terça-feira (25) e deverá deixar o posto de chefe de governo nas próximas semanas.

O premiê lidera os sociais-democratas do país, pontas de lança de um bloco de centro-esquerda (com verdes e o Partido de Esquerda) que obteve na eleição do dia 9 de setembro 144 assentos no Parlamento, apenas um a mais do que a coligação de centro-direita formada por Moderados, Partido de Centro, liberais e cristãos democratas.

Na mesma votação, a legenda nacionalista de direita populista Democratas Suecos (SD, na sigla original) conseguiu 62 vagas no Legislativo federal. Como até aqui as duas frentes majoritárias se recusavam a negociar a formação de um governo com o SD (de raízes neonazistas hoje eliminadas), não se sabia quem iria comandar o país.

O impasse começou a se dissolver na segunda (24), quando o conservador Andres Norlen, do Moderados (principal agremiação da frente de centro-direita), foi eleito presidente do Parlamento com o apoio dos democratas suecos.

Ele imediatamente convocou o voto de confiança realizado nesta terça, quando 204 dos 349 legisladores votaram contra a moção, decretando o fim da gestão Löfven –que, porém, permanece premiê até a composição de um novo governo.

Agora, o líder dos Moderados, Ulf Kristersson, terá quatro chances de formar uma gestão. Caso fracasse, uma nova eleição deve acontecer em até três meses. Os centristas e liberais, que juntos obtiveram 14% dos votos no começo de setembro, já sinalizaram sua contrariedade em integrar um governo que dependa do suporte dos democratas suecos para aprovar suas medidas.  

Já os sociais-democratas, principal força política do país nas últimas décadas, não aceitam negociar com a aliança conservadora um governo de coabitação.

Na terça, após impor a derrota a Löfven, o líder dos democratas suecos, Jimmie Akesson, dobrou a aposta. “Se Ulf Kristersson quiser ser primeiro-ministro, só vai conseguir com a minha ajuda”, afirmou à TV do país, segundo o jornal inglês “The Guardian”.

O que ele quer dizer nas entrelinhas é que um possível governo conservador terá que ceder em pontos-chave para a plataforma do SD, como a redução drástica da acolhida a imigrantes na Suécia.

Ao mesmo tempo, ganha força no Moderados a ala que defende uma aproximação com a direita nacionalista, encabeçada pelo grupo originário de uma região do sul do país em que 30% das localidades foram parar nas mãos do SD na eleição do dia 9.

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