Descrição de chapéu Venezuela

Roraima dará ônibus para plano de Maduro de repatriar venezuelanos

Em viagem paga por Maduro, governadora acertou ação com ditadura para levar imigrantes de volta

Quatro homens aparecem deitados em colchonetes na calçada; ao fundo, uma avenida de duas pistas
Imigrantes venezuelanos dormem na grama da calçada em frente à rodoviária de Boa Vista (RR) - Nacho Doce - 24.ago.18/Reuters
São Paulo

A governadora de Roraima, Suely Campos (Progressistas), anunciou que o estado pagará ônibus fretados até a fronteira para migrantes venezuelanos que desejem voltar a seu país pelo programa de repatriação do regime do ditador Nicolás Maduro.

A medida foi anunciada depois de uma reunião surpresa com o mandatário no Palácio de Miraflores, em Caracas, na quinta-feira (20). A secretaria estadual de Comunicação disse que a ditadura fez o convite e pagou a viagem de Campos, que tenta a reeleição.

A previsão é que o primeiro grupo, de cerca de cem pessoas, viaje na semana que vem. De acordo com a Agência Venezuelana de Notícias, a partir da fronteira elas serão levados de avião a diferentes partes do país caribenho.

"Nós só pedimos que ele dê celeridade porque estamos identificando vários venezuelanos que querem voltar para sua pátria. Com isso, terão todo o apoio", disse a governadora à imprensa local ao chegar a Boa Vista na noite de quinta, sem dar números.

Além da questão migratória, Campos recebeu de Maduro a promessa de que a linha de transmissão que liga o estado à usina hidrelétrica venezuelana de Guri passará por uma manutenção neste mês para diminuir os apagões recorrentes dos últimos meses.

O governo roraimense afirmou em agosto que cerca de 40 mil venezuelanos estão no estado. Solução do governo federal para diminuir a crise, o programa de interiorização levou cerca de 1.200 a outros estados do país desde abril —Roraima estima que deveriam ser 500 pessoas por dia.

No dia 9, cem imigrantes foram repatriados, mas com apoio do consulado em Boa Vista. A viagem aconteceu três dias depois dos assassinatos de um brasileiro e um venezuelano na capital roraimense.

De acordo com testemunhas, o segundo teria matado o primeiro ao roubar um supermercado. Horas depois, o imigrante seria morto linchado por brasileiros.

Em meados de agosto, mais de 1.200 venezuelanos foram expulsos pelos moradores da cidade fronteiriça de Pacaraima durante um confronto em que os brasileiros destruíram seus alojamentos.

A partir dos dois fatos violentos, o regime venezuelano começou uma campanha de repatriação, embora considere que o país não está passando por uma crise humanitária e que os emigrantes saem de forma voluntária.

Nas contas do Ministério das Relações Exteriores, o programa Volta à Pátria já trouxe de volta quase 3.200 pessoas —o que equivale a 0,2% dos 1,6 milhão que deixaram a Venezuela desde 2015.

Na lista, estão 2.365 imigrantes que retornaram do Brasil. No entanto, só há informações de que apenas os cem repatriados no dia 9 voltaram com ajuda do regime.

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