Russos fizeram plano para tirar Assange de embaixada em Londres, diz jornal

Criador do Wikileaks seria levado de carro até outro país, mas ideia acabou não se concretizando

Julian Assange aparece na sacada da embaixada do Equador em Londres, onde vive desde 2012
Julian Assange aparece na sacada da embaixada do Equador em Londres, onde vive desde 2012 - Justin Tallis - 19.mai.17/AFP
São Paulo

​Diplomatas russos fizeram um plano para tirar Julian Assange do Reino Unido na véspera de Natal de 2017, segundo reportagem publicada nesta sexta-feira (21) pelo jornal britânico The Guardian.

Os russos teriam se reunido com pessoas próximas a Assange para avaliar se seria possível retirá-lo secretamente da embaixada do Equador em Londres, onde ele vive desde 2012. A ideia era levá-lo em um veículo diplomático até outro país, possivelmente a Rússia, segundo o jornal.

O criador do WikiLeaks, de 46 anos, que revelou arquivos secretos do governo americano, refugiou-se em 2012 na embaixada equatoriana em Londres para evitar a extradição para a Suécia, onde foi indiciado por crimes sexuais, que ele nega.

O Reino Unido se recusa a dar a Assange um salvo-conduto para que possa sair da embaixada e ir a outro país; se sair do local, ele pode ser preso e extraditado à Suécia ou aos EUA.

Segundo o Guardian, o plano para tirar o australiano da embaixada incluía que o Equador fornecesse a ele documentos diplomáticos; o Kremlin se dispôs a ajudar na operação, levando-o para viver na Rússia, segundo o jornal. Outra possibilidade seria que ele fosse de barco ao Equador.

Poucos dias antes do dia marcado para o resgate de Assange, o plano foi abortado por ser considerado muito arriscado, diz o jornal.

O governo equatoriano não falou ao Guardian; já a embaixada russa em Londres chamou a reportagem de "fake news" e de desinformação.

Na Rússia vive também Edward Snowden, o americano que vazou informações sigilosas da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) em 2013.

A Justiça sueca arquivou a acusação de estupro, mas um tribunal de Londres rejeitou em fevereiro a anulação do mandado de prisão contra Assange, considerando que o australiano não respeitou as condições de sua liberdade sob fiança.

O governo equatoriano, de Lenín Moreno, quer que Assange saia da embaixada; em março, seu acesso à internet foi cortado e suas visitas foram restritas.

Durante a campanha presidencial nos EUA em 2016, emails da campanha de Hillary Clinton foram vazados dias antes da eleição pelo site WikiLeaks, de Assange. Depois das eleições, a democrata atribuiu em parte ao episódio sua derrota nas urnas.

O Guardian já havia mostrado em reportagem que Assange se reuniu com russos na embaixada durante o ano de 2016.

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