Descrição de chapéu Governo Trump

Trump diz que é 'difícil imaginar' que juiz tenha atacado sexualmente mulher

Acusada pede que indicado para Suprema Corte seja reavaliado pelo FBI antes de prestar depoimento

Brett Kavanaugh, indicado para vaga na Suprema Corte, deixa sua casa em Chevy Chase, Maryland - Win McNamee/Getty Images/AFP
Washington

O presidente americano, Donald Trump, afirmou nesta quarta (19) que, para ele, é "muito difícil imaginar" que algo tenha acontecido entre o juiz Brett Kavanaugh e a professora de psicologia Christine Blasey Ford, que acusa o magistrado de tê-la atacado sexualmente.

Pouco antes, disse que as acusações são "muito injustas", mas que queria ouvir a versão de Ford sobre o incidente. "Eles estão machucando a vida de alguém", afirmou, referindo-se aos senadores que avaliam a nomeação de Kavanaugh para a Suprema Corte. "Eu acho que o que está acontecendo é muito injusto."

Desde que o relato de Ford foi publicado no The Washington Post, no último domingo (16), Trump tem saído em defesa do indicado. Nesta terça, afirmou que o juiz "não merecia isso" e que "se sentia muito mal por ele por ter de passar por isso."

A audiência no Senado para ouvir Kavanaugh e Ford está marcada para a próxima segunda (24). Mas ainda não se sabe se a professora vai participar, já que ela quer que o FBI investigue suas alegações antes de testemunhar.

Em carta aos senadores, enviada nesta terça (18), advogadas de Ford afirmaram que uma investigação completa por parte de agentes da lei vai garantir que o Comitê Judiciário da casa, que cuida da nomeação de Kavanaugh, "esteja totalmente informado antes de conduzir qualquer audiência ou tomar qualquer decisão."

O pedido vem em meio a movimentos de republicanos e do presidente para defender o juiz e manter o cronograma do processo. Senadores democratas, por outro lado, argumentam que a audiência de segunda deve ser atrasada até o FBI apurar os relatos de Ford.

O senador republicano Charles Grassley, presidente do comitê, contestou a necessidade de uma investigação do FBI antes da audiência e disse que "o convite está de pé". "Nada que o FBI ou outro investigador tenha em mãos será relevante para o que a Dra. Ford vai dizer ao comitê, então não há razão para mais atrasos."

Sobre isso, Trump afirmou durante a manhã desta quarta que Kavanaugh já foi investigado seis vezes e sugeriu que seria desnecessário fazê-lo novamente. Uma eventual apuração dependeria do aval da Casa Branca.

É praxe do FBI investigar o histórico de nomeados para a Suprema Corte antes das audiências de confirmação. Mas a intervenção na fase final do processo não é comum. Ocorreu, por exemplo, em 1991, quando a professora Anita Hill acusou o juiz Clarence Thomas de agressão sexual, a polícia federal foi chamada para investigar. Ele acabou nomeado para o cargo, que ocupa até hoje.

Hill publicou um artigo no New York Times nesta terça (13) no qual diz que o Senado falhou há quase 30 anos, mas que acredita que pode fazer melhor dessa vez. Também disse que as audiências não deveriam ser conduzidas com pressa.

O documento enviado pelas advogadas de Ford também diz que a professora chegou a sofrer ameaças de morte após seu relato se tornar público.

"A Dra. Ford recebeu um grande apoio de sua comunidade e de cidadãos em todo o país", escreveram. "Mas, ao mesmo tempo, seus piores medos se materializaram. Ela tem sido alvo de violento assédio e até de ameaças de morte."

Por causa disso, dizem, "sua família foi forçada a mudar de casa". O email da professora também teria sido alvo de hackers.

O ataque sexual por parte de Kavanaugh, na época com 17 anos, teria ocorrido no condado de Montgomery, em Maryland, durante um encontro de adolescentes. Ford, então com 15 anos, afirma que ele a forçou a deitar em uma cama de costas e a bolinou, esfregando seu corpo contra o dela. Também teria tentado tirar seu maiô e as roupas que vestia por cima.

Quando a então adolescente tentou gritar, ele colocou a mão em sua boca, segundo ela, que conseguiu escapar após um amigo dele, que assistia a tudo, pular sobre eles.

Ford só teria falado a alguém do ataque em 2012, enquanto fazia terapia de casal. Em julho, por meio de uma carta confidencial, a professora relatou o episódio à senadora democrata Dianne Feinstein, do Comitê Judiciário do Senado. Decidiu vir a público após a história ser divulgada sem seu consentimento.

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