Descrição de chapéu Venezuela

Venezuela inicia ano letivo com salas desertas em escolas públicas

Crise fez com que pais não tivessem dinheiro para comprar material e comida para crianças

Menino aparece do lado da porta da escola, na cor azul. Ele empurra um carrinho colorido para fora da sala. À direita aparecem cadeiras de plástico coloridas empilhadas.
Criança empurra carrinho no primeiro dia de aula de escola de ensino fundamental da zona rural de Caucagua, na Venezuela - Marco Bello/Reuters
Brian Ellsworth Vivian Sequera
Caucagua (Venezuela) | Reuters

O ano letivo começou nesta segunda-feira (17) na Venezuela com poucos estudantes chegando às salas de aula em meio à crise econômica que deixou muitas famílias sem condições de comprar o material escolar ou comida para as crianças priorizarem suas tarefas nas escolas.

Embora leve algumas semanas para que as aulas ganhem impulso, os professores afirmam que o número de faltas é muito mais alto neste ano. 

Na cidade rural de Caucagua, a 75 km de Caracas, só três alunos foram à Unidade Educacional Miguel Acevedo, uma escola de ensino fundamental 65 alunos matriculados, segundo sua diretora, Nereida Veliz.

“A performance escolar é bem fraca porque as crianças não vêm às aulas”, disse Veliz em uma das salas da escola, que não tem energia elétrica e só recebe água potável três dias por semana.

Normalmente os alunos recebem a merenda paga pelo Estado. “Eles não comem em casa, comem aqui”, afirmou. 

O Ministério da Educação não comentou o caso. Na sexta (14), o titular da pasta, Aristóbulo Istúriz, declarou que voltariam às aulas 7,6 milhões de estudantes em 30 mil escolas, número que inclui 5.000 instituições privadas.

Na noite desta segunda (17), o ditador Nicolás Maduro disse que o ano escolar começou bem. Para o mandatário, seu país é vítima de uma guerra econômica comandada por seus adversários políticos e apoiada pelos EUA.

“Eu quero que a Venezuela tenha o melhor sistema de educação do mundo”, disse, mostrando lápis, cadernos e réguas que, afirma, estão sendo distribuídas nas escolas.

A hiperinfação do país deixou lápis, livros e uniformes fora do alcance do cidadão médio. A constante decadência do transporte público se tornou uma crescente limitação em atividades como a entrega de produtos e levar as crianças para a escola.

“Faço um grande esforço para trazer meu filho para a escola. Parte do seu uniforme é do ano passado e parte era do irmão mais velho”, disse Omaira Bracho, 50, de Punto Fijo. “Eu comprei os sapatos na liquidação. O mais difícil é o material escolar.”

No estado de Táchira, que faz fronteira com a Colômbia, Javier Tarazona, do sindicato de professores local, afirmou que as aulas não começaram devido a problemas como a falta de energia elétrica, higiene inadequada e comida insuficiente.

Na escola Benedicto Mármol de Punto Fijo, só três dos 365 alunos foram à aula hoje, segundo a representante do sindicato dos professores local Mari García. “Sempre há muitas crianças que perdem os primeiros dias de aula, mas nunca foram tantos.”

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