Descrição de chapéu Venezuela

Acnur e Forças Armadas abrem maior abrigo para venezuelanos em Roraima

Novo espaço receberá mais de mil pessoas; é o 13º acampamento criado no estado

Grupo de cinco crianças corre em uma rua formada por cabanas de lona de cor bege
Crianças venezuelanas brincam no Rondon 3, novo abrigo em Boa Vista (RR), que receberá até 1.000 pessoas - Reynesson Damasceno/Acnur
Marcelo Toledo
Ribeirão Preto (SP)

O Acnur (Alto Comissariado da ONU para Refugiados) e as Forças Armadas abriram mais um abrigo público em Boa Vista (RR) para receber migrantes venezuelanos. É o 13º abrigo aberto desde fevereiro, o maior de todos até aqui, com capacidade para abrigar mil estrangeiros.

O espaço foi inaugurado na última segunda-feira (22) com a transferência de 200 venezuelanos com características de vulnerabilidade que estavam em Pacaraima, cidade fronteiriça com o país vizinho, num local de apoio.

Com o Rondon 3, nome do abrigo, a população venezuelana atendida nas duas cidades de Roraima chega a 5.500. Outros 100 venezuelanos devem chegar ao novo espaço nesta semana.

“Os outros 12 abrigos têm capacidade média de 500 pessoas, mas, por causa do espaço, chegamos a um agora de 1.000. A ideia é que famílias de outros abrigos possam ser realocadas para este e que os outros, cujas instalações não são tão bem finalizadas como essa, sejam usadas para abrigos bem temporários mesmo”, disse Luiz Fernando Godinho, porta-voz do Acnur no Brasil.

Dos 13 abrigos, 12 ficam em Boa Vista (um exclusivo para indígenas) e um em Pacaraima (este, só para índios).

Nesses locais, as famílias recebem kits de higiene pessoal (pasta e escova de dente, sabonetes, xampu, repelente e absorventes) e de limpeza, colchões e papel higiênico.

Além de Acnur e Forças Armadas, organizações como AVSI (Associação Voluntários para o Serviço Internacional) e Adra (Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais) participam da coordenação ou do atendimento aos migrantes.

Antes de chegar a Boa Vista, todos os abrigados no Rondon 3 foram vacinados em Pacaraima. No abrigo, terão três refeições diárias e têm que respeitar horários e regras de convivência.

Os venezuelanos têm passado pelo processo de interiorização no Brasil, que teve mais um capítulo nesta quinta-feira (25), quando um grupo de 30 pessoas foi enviado para Salvador.

Por meio de uma parceria com uma ONG italiana, esse contingente chegou à capital baiana com empregos garantidos. É a primeira vez que isso ocorre, segundo Godinho.

Até agora, cerca de 3.000 venezuelanos passaram pelo processo de interiorização para aproximadamente 20 municípios. Após chegar a Roraima, o caminho seguido pelos estrangeiros é sair da rua, ir para um abrigo e depois ser interiorizado.

Por outro lado, há venezuelanos que têm deixado Roraima e voltado a seu país de origem de ônibus. Contratados em Boa Vista, os veículos levam os migrantes até Pacaraima. Lá, os venezuelanos cruzam a fronteira e, já em Santa Elena de Uairén, na Venezuela, embarcam em outros ônibus para suas regiões de origem.

O governo de Roraima diz que o estado abriga ao menos 40 mil venezuelanos. O regime do ditador Nicolás Maduro afirma que, desde agosto, repatriou 7.908 venezuelanos, dos quais 6.389 estavam no Brasil.

Com o contingente de venezuelanos morando em Roraima, problemas sociais têm se avolumado. De acordo com o governo estadual, há 111 venezuelanos presos no sistema carcerário local. Os crimes mais comuns são roubo (44 presos), tráfico de drogas (24), furto (12) e homicídios (11).

A situação é considerada mais crítica em Pacaraima, onde 6 de cada 10 ocorrências policiais têm elo com venezuelanos.

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