Aliados de Merkel perdem maioria em eleição regional na Baviera

CSU terá que fazer coalizão pela 2ª vez desde 1962; resultado eleva pressão sobre chanceler alemã

Soeder franze a boca enquanto fala em um púlpito. Ao lado dele, duas mulheres aplaudem.
O primeiro-ministro da Baviera, Markus Soeder, discursa após a eleição regional em que seu partido, a CSU, perdeu a maioria do Legislativo local - Shan Yuqi/Xinhua
Berlim e Munique | AFP e Reuters

O partido aliado da chanceler alemã, Angela Merkel, no estado da Baviera sofreu neste domingo (14) a pior derrota eleitoral desde 1950, perdeu a maioria no Parlamento regional e viu o avanço dos verdes e da ultradireita.

A eleição no estado, cuja capital é Munique, e em Hesse, onde fica Frankfurt, daqui a duas semanas serão um teste para a coalizão que sustenta Merkel, que enfrenta uma crise e a pressão para a convocação de novas eleições.

Os resultados preliminares mostram que a União Social Cristã (CSU, na sigla em alemão) obteve 37,3% dos votos, 12 pontos a menos que em 2013, perdendo a maioria no Legislativo local pela segunda vez desde 1962.

“Claro que hoje não é um dia fácil para a CSU. Não tivemos um bom resultado. Aceitamos-o com humildade”, disse o primeiro-ministro bávaro, Markus Soeder, manifestando também o desejo de formar um governo estável.

Porém, o mal-estar pelo resultado eleitoral veio na reação da líder do SPD, Andrea Nahles. Ela considera que o mau desempenho do governo federal foi a causa da derrota. “É claro que alguma coisa tem que mudar”, disse.

A União Democrata-Cristã (CDU), de Merkel, considerou o resultado na Baviera uma clara advertência. “Por esse motivo nossa prioridade deve ser Hesse, disse Annegret Kramp-Karrenbauer, secretária-geral do partido.

“O terremoto político foi na Baviera, mas as réplicas foram sentidas em Berlim. Vão aumentar os pedidos para o fim da era Merkel”, disse à agência de notícias Reuters Fred Kempe, presidente do Atlantic Council.

O líder da CSU, Horst Seehofer, começou a se distanciar da chefe de governo alemã em 2015 devido à política de portas abertas para refugiados, que levou à entrada de 1,1 milhão de pessoas no país naquele ano.

Com a insatisfação de parte da sociedade e o avanço da AfD, ele puxou o partido para a direita. Diante da ameaça de Seehofer de deixar a coalizão, Merkel aceitou em julho restringir o número de pedidos de asilo na Alemanha.

O resultado entusiasmou os adversários. Líder da ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD), quarto com 10,7% dos votos, Alice Weidel pediu eleições antecipadas. “Os que votaram na Baviera disseram ‘Fora, Merkel!’”

Mas a principal ameaça à CSU é representada pelos Verdes, que, com 19%, têm a segunda maior bancada. “Até que fim haverá democracia na Baviera. A hegemonia vai acabar”, disse um dos líderes regionais do partido.

A previsão é que a CSU se alie com o Votantes Livres, um partido de protesto, que tem a terceira maior bancada, com 11,7% dos votos. O partido descartou qualquer aliança com a ultradireita.

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