Assange processa governo do Equador por novas regras de asilo na embaixada

Termos determinam que o australiano pague conta de telefone e limpe sujeira do gato

Quito e Londres | AFP e Reuters

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, entrou na Justiça do Equador contestando os novos termos de seu asilo na embaixada do país em Londres, que determinam que ele deve pagar por suas contas médicas e de telefone e limpar a sujeira de seu gato, disse seu advogado nesta sexta-feira.

Neste mês, o Equador criou um novo protocolo para sua estadia na embaixada. O advogado espanhol Baltasar Garzón disse em uma entrevista coletiva em Quito que as regras foram elaboradas sem consultar Assange.

Por isso, o australiano decidiu processar o ministro de Relações Exteriores, José Valencia, em um tribunal de Quito para que elas sejam alteradas.

O australiano Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, no terraço da embaixada equatoriana em Londres
O australiano Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, no terraço da embaixada equatoriana em Londres - Peter Nicholls - 19.mai.17/Reuters

O governo equatoriano notificou Assange em agosto sobre a aplicação de um protocolo especial para normatizar "as condições mínimas de estadia do asilado", estabelecendo que o mesmo só "terá acesso à internet, conectando-se ao Wifi" da embaixada. 

Segundo Garzón, o australiano não tem acesso à internet desde que a conexão foi cortada em março, apesar de um comunicado do WikiLeaks dizendo que ela foi religada.

"Ele está sendo mantido em condições desumanas há mais de seis anos", disse Garzón. "Até pessoas que estão presas têm telefonemas pagos pelo Estado", acrescentou, descrevendo as obrigações relativas ao gato como "degradantes".

O Ministério de Relações Exteriores do Equador não quis comentar o assunto. 

A estadia de Assange se tornou um problema crescente para o presidente do Equador, Lenín Moreno, que disse que o asilo não pode ser eterno, mas vem relutando em expulsá-lo da embaixada por temer por seus direitos humanos.

Quito deu asilo a Assange em 2012 e ele se refugiou na missão diplomática para evitar, a princípio, ser extraditado para a Suécia, onde enfrentava acusações por supostos crimes sexuais.

No entanto, o australiano de 47 anos teme que, se deixar a embaixada, possa ser detido e extraditado para os Estados Unidos por espalhar milhares de segredos oficiais do país através de seu site.

A Justiça britânica mantém um mandado de prisão contra ele por ter violado as condições de sua liberdade condicional no contexto do caso aberto na Suécia ao se refugiar na embaixada equatoriana. O governo britânico também se negou a dar um salvo conduto para Assange deixar a embaixada e ir ao Equador.  

 
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