Casal separado por tsunami se reencontra dois dias após tragédia na Indonésia

Morador de Palu procurou a esposa em necrotérios e hospitais; ela foi arrastada por onda gigante

Harry Pearl
Palu (Indonésia) | AFP

Foram dois dias de angústia, procurando nos necrotérios e hospitais, mas finalmente Azwan encontrou a esposa Dewi, que havia sido arrastada pelo tsunami na cidade indonésia de Palu.

Ou seja, uma quase segunda parte do filme "O impossível" (2012), que conta a trágica história real, mas com final feliz, de um casal e seus três filhos separados por um violento tsunami na Tailândia.

Azwan abraça sua mulher, Dewi Prasasti, em frente à casa da família em Palu, na ilha de Sulawesi
Azwan abraça sua mulher, Dewi Prasasti, que moram em Palu, na ilha de Sulawesi, Indonésia - Bay Ismoyo/AFP

Azwan, de 38 anos, conta a história ao lado da esposa em uma pequena barraca instalada à margem de uma estrada. A emoção é visível e ele não consegue conter as lágrimas.

"Estava tão feliz, tão emocionado. Graças a Deus consegui voltar a encontrá-la", disse à AFP. Como muitos indonésios, Azwan tem apenas um nome.

Palu, cidade de 350 mil habitantes na costa oeste da ilha de Sulawesi, foi abalada na sexta-feira por um violento terremoto, seguido de um tsunami devastador.

Desde então reinam a desesperança e dor, com mais de 1.200 mortos, de acordo com o balanço mais recente. A história de Azwan e Dewi é uma exceção.

Dewi estava registrando os convidados que participariam em um festival em um hotel quando a terra tremeu. Uma hora depois, a onda gigante atingiu a cidade.

"A onda me acertou com força. Quando retomei a consciência estava na rua, na frente do hotel. Lembro que ouvi as pessoas gritando 'tsunami, tsunami'", conta à AFP.

Ela caminhou pelas ruas repletas de escombros e passou a noite em um abrigo.

"Sem comida, sem água", recorda. "Pediram que aguardássemos até que a situação fosse considerada segura, os tremores secundários não paravam".

No outro lado da cidade, Azwan estava angustiado. Ele escapou da tragédia com a filha, mas não tinha nenhuma notícia da mulher.

Ele iniciou uma busca que durou quase dois dias, com visitas a necrotérios e hospitais lotados.

"Como não via minha mulher nos sacos (mortuários), retornei ao hospital e verifiquei no necrotério", recorda Azwan. "Havia uma quantidade gigantesca de corpos. Estava tudo desordenado, uns por cima dos outros".

No domingo, quando se preparava para aceitar a "vontade de Deus", a esposa apareceu na casa da família, de moto. 

"Quando desceu da moto foi uma euforia", conta Azwan. "Todos choravam. Os parentes, chorando, a abraçaram".

Dewi agradece a Deus pela "segunda chance", mas ainda tem dificuldades para acreditar em tudo.

"Mesmo agora não consigo acreditar que estou viva. Ainda estou traumatizada", afirma.

Ao menos 1.234 pessoas morreram no terremoto e tsunami na ilha indonésia, de acordo com o balanço mais recente.

O Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU calcula que 191 mil pessoas precisam de ajuda humanitária de emergência, incluindo 46 mil crianças e 14 mil idosos.

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