Descrição de chapéu Venezuela

Chanceler colombiano volta a dizer que Duque não quer intervir na Venezuela

Ministro desautoriza fonte ouvida pela Folha que afirmou que Bogotá apoiaria ação brasileira

Sylvia Colombo
Nova York

O chanceler colombiano, Carlos Holmes Trujillo, declarou à Folha nesta terça (30) que o diplomata de alto escalão que falou à reportagem sobre uma eventual intervenção na Venezuela a fim de desestabilizar o regime de Nicolás Maduro foi repreendido.

 

Segundo Holmes Trujillo, há uma ala no governo que defende a intervenção, e portanto a hipótese descrita pela fonte é correta. Mas, por ora, esses não são os planos atuais do presidente Iván Duque. 

Reportagem da Folha publicada na segunda (29) mostrou que uma fonte diplomática colombiana afirmou que Duque estaria disposto a apoiar uma ação militar contra o ditador Nicolás Maduro caso o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), ou o governo do americano Donald Trump tomassem a iniciativa. Trump já aventou a hipótese no passado, mas foi demovido da ideia por membros de seu gabinete 

Após a publicação da reportagem, o próprio Holmes Trujillo publicou um vídeo no qual dizia que o governo Duque não mantinha tais planos. Ao ver o vídeo com um dia de atraso, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, escreveu em suas redes sociais de que se tratava de "fake news" da Folha.

​Do lado brasileiro, o futuro ministro da Defesa de Bolsonaro, general Augusto Heleno, rechaçou a possibilidade de o Brasil participar de um plano militar para desestabilizar Maduro, qualificando-a de antidemocrática. 

A cacofonia reflete uma divisão no atual governo colombiano a respeito de como agir em relação à grave crise no país vizinho, que já causou o êxodo de 1,9 milhão de venezuelanos em dois anos, a maioria dos quais fugiu para a Colômbia. No Brasil, a situação é mais drástica no estado fronteiriço de Roraima, que abriga cerca de 60 mil refugiados.

Uma ala ligada ao ex-presidente Álvaro Uribe, padrinho político de Duque, deseja uma ação mais dura, que poderia incluir sanções ou mesmo uma intervenção militar. Outra parte do governo prefere seguir a via diplomática.

Até o momento, o presidente vem se equilibrando entre as duas vertentes. 

“Nenhum membro do corpo diplomático da Colômbia pode transmitir posições diferentes das fixadas pelo presidente da República. Quem viola essa disposição estará sujeito a sanções correspondentes que podem levar a perda do cargo”, disse Holmes Trujillo a jornalistas em Bogotá. 

Em entrevista à rádio colombiana Caracol, a maior do país, ele disse que fará uma apuração para descobrir qual é a fonte diplomática da Folha e ameaçou com "sanções [...] que podem incluir a saída do cargo". 

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