O cineasta ucraniano Oleg Sentsov, preso na Rússia, foi escolhido como o vencedor do prêmio Sakharov 2018, concedido há 30 anos pela Eurocâmara para pessoas que apresentaram uma "contribuição excepcional" à luta pelos direitos humanos.
Por indicação da principal bancada, o Partido Popular Europeu (PPE), Sentsov era um dos finalistas do prêmio, ao lado do ativista marroquino Nasser Zefzafi e de ONGs que resgatam migrantes no Mediterrâneo.
Detido na Crimeia após a anexação daquela península pela Rússia, em 2014, Sentsov, que agora tem 42 anos, foi condenado em 2015 a 20 anos de prisão por terrorismo e tráfico de armas. O julgamento foi classificado de stalinista pela Anistia Internacional e denunciado por Ucrânia, União Europeia e Estados Unidos.
Neste ano, o cineasta ficou debilitado devido a uma greve de fome que durou mais de quatro meses.
O presidente do Parlamento, Antonio Tajani, afirmou que a premiação reconhece a coragem de Sentsov. Afirmando que ele está em más condições de saúde após a greve de fome, Tajani acrescentou: "Pedimos às autoridades que o libertem imediatamente."
Principal honraria de direitos humanos da União Europeia, o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento recebeu esse nome em homenagem ao dissidente soviético Andrei Sakharov, um físico nuclear que ganhou o Nobel da Paz em 1975 por seus esforços em prol dos direitos civis.
No ano passado, o prêmio foi concedido à oposição ao ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.
O primeiro ganhador, em 1988, foi Nelson Mandela , então preso pelo regime do Apartheid (1948-1994).
Os países do G7, além de personalidades da área cultural, como o cineasta Jean-Luc Godard e o ator Johnny Depp, pediram a sua libertação.
De acordo com a Promotoria, o cineasta coordenou um grupo na região autônoma ligado ao movimento de extrema direita Pravy Sektor, um dos mais atuantes na revolta.
A suposta célula de extrema direita foi responsabilizada por Moscou de ter jogado coquetéis molotov contra as sedes do partido governista Rússia Unida e da Sociedade Russa da Crimeia, em Simferopol, em abril do ano passado.
No julgamento, ele admitiu ter participado dos protestos que derrubaram o presidente ucraniano Viktor Yanukovich em Kiev no final de 2013, mas negou as acusações apresentadas pela Promotoria. Ele também acusou agentes russos de tê-lo torturado na prisão.
Sentsov dirigiu em 2011 seu primeiro e único longa-metragem, "Gamer", que estreou no Festival Internacional de Cinema de Roterdã.
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