Conversas do 'brexit' são como fazer uma bola ficar quadrada, diz Merkel

Discutido há 18 meses, acordo entre Reino Unido e UE ainda não está delineado

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Londres e Luxemburgo | AP e Reuters

Às vésperas do encontro dos líderes europeus para discutir os termos do acordo de saída do Reino Unido da comunidade europeia, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que os esforços para chegar a um consenso são como fazer uma “bola ficar quadrada”. O comentário teria sido feito em um encontro do grupo parlamentar de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), na terça-feira (16).

Merkel se referia à disputa sobre o controle da fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte. A primeira não integra o Reino Unido e continuará fazendo parte da União Europeia, mas a segunda deverá, junto com a Inglaterra, Escócia e País de Gales, deixar o bloco em março de 2019.

Chanceler alemã, Angela Merkel, na reunião de lideranças de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), em 15 de outubro de 2018. - Fabrizio Bensch/REUTERS

A União Europeia propõe a instauração de uma linha de segurança entre as duas Irlandas até 2020. Até esse prazo, a Irlanda do Norte se manteria alinhada às normas europeias. Nesse caso, o controle aduaneiro seria efetuado entre a ilha da Irlanda e a Grã-Bretanha.

Londres é contrário ao restabelecimento dessa fronteira. O governo britânico acredita que ela poderia significar um retrocesso no acordo de paz firmado entre as Irlandas em 1998. Os dois países já viveram mais de meio século de conflitos civis e religiosos.

Theresa May, primeira-ministra britânica, quer que o mecanismo proposto à Irlanda do Norte seja estendido a toda a Grã-Bretanha. Ela defende que haja livre circulação de mercadorias entre o Reino Unido e a Europa até 2022. “Fomos claros que não concordaremos com nada que afete a integridade do nosso Reino Unido”, disse em setembro. 

Na terça-feira, May afirmou que está confiante de que, se seu governo permanecer unido, conseguirá um acordo favorável. No mês passado ela disse que “nenhum acordo seria melhor que um acordo ruim”.

 

O Reino Unido importa um terço de seus alimentos da União Europeia e as restrições prejudicariam a cadeia de suprimentos do país. Segundo o New York Times, sem o acordo, que já vem sendo discutido há 18 meses, os britânicos podem enfrentar paralisações nos portos, caminhões parados nas estradas com comida estragando, prateleiras vazias em mercados, escassez de energia elétrica e fechamento de fábricas.

O jornal americano relata que já há pessoas racionando alimentos e remédios, temendo um caos em março, quando ocorrerá a separação. Eles são parte de um grupo chamado de “Brexit preppers”. A expressão faz referência a pessoas que se preparam para um evento desastroso.

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