Em reação a caravana, México flexibiliza acesso de centro-americanos

País permitirá trabalho e dará assistência médica para quem solicitar refúgio no sul do país

Grupo de 20 homens se segura na caçamba de um caminhão para animais. Um deles carrega um chapéu redondo grande. Ao fundo, outros carros levam mais pessoas.
Grupo de imigrantes centro-americanos viajam em caminhões de transporte de animais na estrada entre Pijijiapan e Arriaga, no México - Rodrigo Abd/Associated Press
São Paulo

O presidente do México, Enrique Peña Nieto, anunciou nesta sexta-feira (26) medidas que flexibilizam o acesso dos imigrantes centro-americanos, em resposta às caravanas que passam pelo sul do país rumo aos Estados Unidos.

Pela iniciativa, os centro-americanos que chegarem ao México terão acesso a saúde e educação públicos, a abrigos ligados ao governo e a um programa de empregos temporários enquanto sua situação no país é analisada.

“Sabemos que você procura uma oportunidade e quer construir um novo lar e um futuro melhor para sua família e seus entes queridos”, disse Peña Nieto, no vídeo do programa que chamou de Está em sua casa.

Para receber os benefícios, porém, é preciso solicitar refúgio ou residência no Instituto Nacional de Migrações (INM). A regra vale tanto para quem não entrou no país quanto para os que já ingressaram legal ou ilegalmente.

Eles também não poderão deixar Chiapas e Oaxaca, os dois primeiros estados do país a partir da fronteira com a Guatemala. O presidente não informou a estimativa de tempo para o processo ou como serão as deportações.

Esta é a segunda medida migratória anunciada pelo México desde a chegada da primeira caravana de imigrantes, na última sexta (19). A intenção inicial era permitir a entrada do grupo de 7.000 pessoas de forma escalonada.

O governo pretendia admitir cerca de 150 pessoas por dia e fazer uma triagem para identificar potenciais pedidos de refúgio. Estes seriam analisados em dez dias nos quais o candidato ficaria em albergues ligados ao governo.

O plano, porém, foi descartado após a caravana invadir a ponte que liga a mexicana Ciudad Hidalgo a Tecún Umán, na Guatemala. Nos dias seguintes, o grupo seguiu viagem e chegou nesta sexta a Arriaga, a 285 km da fronteira sul mexicana.

Desde que os imigrantes saíram de Honduras, há duas semanas, o México é pressionado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, a conter a caravana. O republicano também ameaçou fechar a fronteira entre os dois países e enviou 800 soldados para a região.

Nesta sexta, os jornais americanos The New York Times e The Washington Post dizem que Trump avalia restringir a entrada dos imigrantes, incluindo quem pede asilo, pela divisa sul, por considerá-los ameaça à segurança nacional.

Segundo as publicações, a medida seria inspirada no decreto anti-imigração lançado no ano passado contra países de maioria muçulmana, como Irã, Síria e Iêmen. A ordem executiva poderia ser anunciada nesta terça-feira (30).

Ao mesmo tempo, também proibiria a solicitação de asilo para aqueles que entrem ilegalmente no país, excetuando casos de tortura. Hoje, os pedidos podem ser feitos tanto por quem entra pelos postos oficiais ou clandestinamente.

Os candidatos têm que provar que sofrem uma ameaça crível e podem ficar no país até a conclusão do processo. A alegação é usada em muitos casos para que os imigrantes se instalem nos EUA e continuem mesmo se negado o refúgio.

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