Erdogan diz que assassinato de jornalista saudita foi 'crime político'

Presidente turco afirma que há 'fortes sinais' de que a morte de Jamal Khashoggi foi planejada

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O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, faz discurso no Parlamento, em Ancara - Ali Unal/Associated Press
Ancara | AFP, Associated Press e Reuters

O presidente turco, Recep  Tayyip  Erdogan, afirmou nesta terça-feira (23) que a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi dentro do consulado da Arábia Saudita em Istambul foi "um assassinato político" e que a Turquia não vai se satisfazer com tentativas de colocar a culpa em alguns agentes de inteligência.

Durante um discurso no Parlamento, Erdogan não mencionou o nome do príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, acusado de ter ordenado o crime.  

Mas ele disse que há “fortes sinais” de que o assassinato “selvagem” do jornalista foi planejado e que a Turquia não vai completar sua investigação até que todas as perguntas tenham sido respondidas.

“Instituições de inteligência e segurança têm evidências que mostram que o assassinato foi planejado. Colocar a culpa de um caso como esse em alguns membros da inteligência e segurança não vai nos satisfazer, nem à comunidade internacional”, afirmou.

Erdogan não mencionou também a existência de gravações de áudio que, segundo autoridades turcas, comprovam e detalham o assassinato de Khashoggi. Na segunda, ele havia prometido divulgar a verdade "nua e crua" sobre o ocorrido.

Mais tarde, nesta terça, a TV estatal turca TRT afirmou que investigadores haviam encontrado três malas, um laptop e roupas dentro de um carro que seria do consulado saudita. Os objetos estão sendo averiguados em busca de evidências de ligação com a morte do jornalista.

 

O governo Trump enviou a diretora da CIA, Gina Haspel, para a Turquia nesta terça para discutir a questão do assassinato do jornalista com o governo turco.

O jornalista, crítico de Riad e colunista do jornal The Washington Post, desapareceu no último dia 2 ao entrar no consulado saudita em Istambul para conseguir documentos para se casar. 

Na sexta (19), o governo saudita confirmou que Khashoggi foi morto no consulado, mas disse que isso ocorreu em decorrência de uma briga entre eles e uma equipe de agentes.

Já no domingo (21), o ministro de Relações Exteriores da Arábia Saudita, Adel al-Jubeir, deu uma nova versão, afirmando que o jornalista tinha sido vítima  de uma "operação clandestina".

Erdogan disse ainda que o sistema das câmeras de segurança do consulado saudita em Istambul foi desativado antes do assassinato no local. "Antes, eles [os sauditas envolvidos] retiraram o disco rígido do sistema de câmeras", afirmou Erdogan . 

O presidente turco afirmou que se desconhece o paradeiro do corpo de Khashoggi e pediu que a Arábia Saudita revele a identidade de um “cúmplice local” que supostamente ajudou nessa parte da operação.

Erdogan pediu ainda que os 18 suspeitos sauditas sejam julgados em Istambul e que todos os que "desempenharam um papel" sejam punidos.

Nota divulgada pelos chanceleres do G7 (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e União Europeia) nesta terça condenou "nos mais fortes termos" o assassinato de Khashoggi e disse que Riad deve garantir que um incidente do tipo jamais volte a acontecer. 

A nota diz ainda que as explicações sauditas "deixam muitas perguntas sem resposta". 

O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, afirmou que o governo Trump vai decidir sobre a imposição de sanções sobre a Arábia Saudita uma vez que os fatos sejam esclarecidos, e com "base nos valores do povo americano e nos nossos interesses nacionais vitais".

O rei Salman e o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, receberam membros da família Khashoggi nesta terça, incluindo o filho do jornalista, Salah bin Jamal Khashoggi, em Riad. 

A Arábia Saudita assegurou que todas as pessoas envolvidas no assassinato terão de prestar contas "sejam quem forem".

"O reino tomou medidas para descobrir a verdade e castigar os responsáveis envolvidos diretamente [no assassinato] e as pessoas que não cumpriram suas responsabilidades", indica uma declaração publicada pela agência oficial SPA após a reunião semanal do governo saudita.

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