As expectativas de um acordo sobre o 'brexit' não poderiam estar mais comprometidas. A falta de uma solução endossada pelo Reino Unido e pela União Europeia sobre a questão da fronteira da Irlanda está criando um grande impasse.
Nos próximos dois dias, os líderes do bloco terão talvez uma das últimas oportunidades para costurar o impossível, pois um cenário de um “no deal” – falta de acordo – é cada vez mais óbvio. Por esta razão, o Conselho Europeu, que começa nesta quarta-feira (17) em Bruxelas, é considerado decisivo.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, deve se reunir com os 27 chefes de Estado e governo da União Europeia antes do jantar de trabalho, do qual ela não vai participar.
Apesar de ambos os lados defenderem uma solução sem a existência de uma fronteira física entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte – parte do território britânico –, ainda não há consenso sobre como será a fronteira irlandesa após a saída do Reino Unido do bloco europeu.
No final do ano passado, britânicos e europeus concordaram sobre a necessidade em se chegar a um consenso sobre o chamado “backstop”. O “backstop” é um mecanismo de salvaguarda que assegura que mesmo se houver falta de acordo sobre o "brexit", a integração econômica das Irlandas não será prejudicada.
Bruxelas quer manter a Irlanda do Norte em sua união aduaneira e no mercado único europeu. Mas com receio de ameaçar a integridade britânica, Londres rejeita a proposta.
May esteve reunida durante quase três horas com seu governo, antes de embarcar para a capital belga.
Em Bruxelas, ela deverá insistir com os líderes europeus em manter a porta aberta às negociações.
Às vésperas da cúpula, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, declarou que May deveria chegar com uma “solução criativa” para tentar quebrar o impasse.
Segundo Tusk, “não há motivos para otimismo” diante do relatório apresentado pelo principal negociador do bloco para o "brexit", Michel Barnier, sobre o estado das negociações e o último discurso de May no Parlamento britânico.
Barnier admitiu que serão necessárias mais algumas semanas para costurar um consenso e fechar um acordo para a saída do Reino Unido do bloco europeu, agendada para o dia 29 de março do próximo ano. Inclusive, Barnier diz estar aberto a estender o período de transição do "brexit" por mais um ano.
Nesta quarta-feira, os líderes do bloco devem propor a realização de um Conselho Europeu adicional em novembro. O acordo político do "brexit" deverá ser assinado, no máximo, em meados de novembro, a tempo de ser ratificado pelos parlamentos de todos os Estados membros e também pelo Parlamento Europeu.
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