Independentistas catalães protestam no aniversário de 1 ano de plebiscito

Manifestantes bloquearam ruas e ferrovias pedindo separação unilateral da região espanhola

Barcelona | AFP

Grupos independentistas catalães bloquearam estradas e ferrovias como forma de protesto no aniversário de um ano do plebiscito de autodeterminação na região espanhola.

Carro policial de cabeça para baixo em chamas durante protestos na Catalunha
Manifestantes colocam fogo em carro da polícia durante protestos na Catalunha - Jon Nazca/Reuters

A Polícia de Choque precisou ser chamada para conter as manifestações em frente ao Parlamento regional catalão. 

Durante esta segunda (1), 180 mil pessoas marcharam e bloquearam ruas do centro de Barcelona, segurando urnas e cantando o hino local.  

Grupos que exigem a ruptura unilateral com Madri também paralisaram, por duas horas, estradas e a linha de trem de alta velocidade que leva até a França.

As tensões permanecem altas na região, um ano após a consulta, que foi considerada ilegal pelo governo central em Madri, mas celebrada pelos separatistas catalães.

Também protestaram centenas de estudantes universitários, que estão em greve durante o dia, e à tarde está prevista uma manifestação de outras associações independentistas.

 
No sábado (29), ao menos seis pessoas foram presas e 24 ficaram feridas quando manifestantes contrários e a favor da independência da região da Catalunha entraram em confronto com a polícia.

Com base no plebiscito, impulsionado pelo então presidente regional Carles Puigdemont e no qual, segundo seu executivo, 2 milhões de pessoas votaram pela separação, foi proclamada uma república no dia 27 de outubro que nunca chegou a ser aplicada.

Um ano depois, o independentismo está dividido entre os que apostam em continuar com a via de ruptura unilateral e os partidários do diálogo iniciado pelo novo presidente regional Quim Torra com o governo espanhol do socialista Pedro Sánchez.

Estudantes pró-separatismo protestam em Barcelona
Estudantes pró-separatismo protestam em Barcelona - Enrique Calvo/Reuters

Considerado foragido pelo governo espanhol, Puigdemont, que está na Bélgica, parece se afastar da estratégia dos novos dirigentes, que por enquanto deixaram de lado a via da desobediência.

“Não vamos nos distrair demais com o jogo de espelhos e lantejoulas com o Estado que tenta maquiar sua deteriorada imagem internacional (...). Vamos levando como decidimos há um ano”, afirmou, em um vídeo publicado no Twitter.

Essas divisões se evidenciaram nas ruas de Barcelona. Entre bandeiras independentistas, bombinhas e fumaça amarela, centenas de manifestantes convocados pelos Comitês de Defesa da República (CDR) pediam, a gritos, a demissão de Torra.

Plebiscito

A crise na Catalunha começou com o plebiscito em outubro passado, proibido pela Justiça espanhola e marcado pela violência policial.

Quase 2 milhões de catalães, de um total de 5,5 milhões de eleitores, votaram pela independência da região, o que levou o Parlamento catalão a declarar a independência em 27 de outubro.

O governo espanhol do primeiro-ministro Mariano Rajoy respondeu com a dissolução do Parlamento e a destituição de Puigdemont e de seu Executivo, assumindo o controle da autonomia regional.

Torra formará agora um novo governo, requisito para o fim da intervenção de Madri.

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