Jornalista é morta na Bulgária após fazer entrevista sobre corrupção

Polícia não sabe se motivação foi profissional; Viktoria Marinova era apresentadora de TV local

AFP e Reuters

Uma jornalista búlgara que trabalhava em uma rede de televisão local foi encontrada morta em Ruse (norte do país), vítima, segundo a Justiça, de um assassinato que está provocando indignação em toda Europa. 

O corpo de Viktoria Marinova, 30, responsável administrativa e apresentadora da TVN Ruse, foi encontrado no sábado (6) em um parque da cidade, indicou o promotor regional, Georgy Georgiev. 

A jornalista búlgara Viktoria Marinova em imagem retirada de seu programa de TV
A jornalista búlgara Viktoria Marinova em imagem retirada de seu programa de TV - HO/TVN.BG/ AFP

A jornalista recebeu uma pancada na cabeça, foi estrangulada e, segundo o Ministério do Interior, também  estuprada. 

A investigação analisa todas as pistas, tanto vinculadas à sua vida pessoal como à profissional. Ela era apresentadora de um programa de assuntos sociais locais de Ruse, um grande porto sobre o rio Danúbio, na fronteira com a Romênia. 

Na última transmissão de seu programa, em 30 de setembro, houve uma entrevista com dois famosos jornalistas investigativos, o búlgaro Dimitar Stoyanov, e o romeno Attila Biro, que estão apurando possíveis fraudes nos subsídios da União Europeia (UE), que envolveriam empresários e cargos eleitos do país. 

Ambos os jornalistas foram detidos brevemente pela polícia durante a investigação do assassinato, e o caso foi condenado pela ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF). 

Na última classificação da RSF sobre a liberdade de imprensa, a Bulgária ficou na 111ª posição em um total de 180 países, de longe a pior da UE, visto que é acusada regularmente pela corrupção de seu entorno midiático, que viola a liberdade de imprensa.

A Comissão Europeia pressionou a Bulgária nesta segunda-feira a conduzir uma rápida investigação sobre o caso. "Não há democracia sem imprensa livre... Esperamos uma investigação ligeira e meticulosa para levar os responsáveis à justiça", afirmou um tuíte da comissão.

O ministro do interior, Mladen Marinov, disse que até agora não há evidências para sugerir uma ligação da morte com o trabalho da jornalista. “Estamos trabalhando em todos os motivos possíveis e não excluímos nenhum”, disse Marinov a repórteres nesta segunda-feira.

A polícia afirma que não se sabe se o ataque foi planejado ou não.

Moradores de Ruse e de outras duas cidades próximas, assim como da capital, Sofia, fizeram vigília para Marinova, que deixou uma filha de sete anos.

Vigília em memória da jornalista assassinada Viktoria Marinova nesta segunda-feira em Sofia
Vigília em memória da jornalista assassinada Viktoria Marinova nesta segunda-feira em Sofia - Nikolay Doychinov/AFP

Marinova é a terceira jornalista assassinada na União Europeia nos últimos 12 meses.

A mais conhecida repórter investigativa de Malta, Daphne Caruana Galizia, foi morta com uma bomba colocada em seu carro em outubro do ano passado. Em fevereiro deste ano, o jornalista eslovaco Jan Kuciak foi morto a tiros.

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