Keiko Fujimori é detida sob acusação de lavagem de dinheiro

Caso contra filha do ex-dirigente peruano Alberto Fujimori tem a ver com verbas de campanha

Keiko Fujimori dá entrevista em Lima, Peru - Martin Mejia - 3.out.18/Associated Press
Buenos Aires

A líder do partido fujimorista (Força Popular), Keiko Fujimori, foi detida em Lima, no Peru, nesta quarta-feira (10), por conta de uma investigação sobre lavagem de dinheiro. A primogênita do ex-presidente Alberto Fujimori, que recentemente teve seu indulto cancelado e também deve voltar à cadeia, foi presa ao se apresentar no Ministério Público, onde tinha ordem de declarar sobre aportes a sua campanha presidencial de 2011.

Keiko, assim como seu então opositor naquele pleito, Ollanta Humala, que ficou em prisão preventiva entre agosto de 2017 e abril deste ano, responde a processo por ter recebido caixa 2 da empreiteira brasileira Odebrecht para a campanha eleitoral que foi vencida por Humala.

O juiz Richard Concepción Carhuancho, o mesmo que foi responsável pela detenção de Humala, ditou a prisão de Keiko alegando perigo de fuga (ela tem cidadania japonesa e americana, por ser casada com um norte-americano) e a possibilidade de obstrução de Justiça.

Além de ter recebido caixa dois, Concepción Carhuancho também acusa Keiko que ter lavado dinheiro recebido para a campanha, da Odebrecht e de outras empresas. Além disso, ao questionar quem eram os aportantes de sua campanha, Keiko teria apresentado uma lista de 48 pessoas que se mostrou falsa.

Desde que o próprio Marcelo Odebrecht revelou que daria um aporte extra para sua campanha daquele ano, os investigadores estão passando um pente fino em todo o montante que entrou nos cofres do partido da então candidata.

O juiz aponta para o fato de que Keiko não teria usado o dinheiro da empreiteira brasileira apenas como caixa dois, mas também para estender sua influência a outras instituições da república, como o Judiciário. No fim do ano passado, e depois em março, conseguiu mover moções de vacância contra o então presidente Pedro Pablo Kuczynski baseada em evidências para muitos consideradas frágeis. Na segunda tentativa, PPK (como é chamado) acabou renunciando.

Ainda se investiga que Keiko estaria comandando uma quadrilha com outros parlamentares de seu partido com a finalidade de lavar dinheiro, vindos da Odebrecht e de outras fontes. Segundo a investigação, a Força Popular teria convertido, transferido e ocultado mais de US$ 1,2 milhão provenientes de fundos de procedência desconhecida.

Diante do Ministério de Justiça dos EUA, a Odebrecht havia admitido ter pago, entre propinas e caixa 2, cerca de US$ 29 milhões. Os montantes teriam sido entregues a Alejandro Toledo, que está nos EUA fugido da Justiça, a Alan García, a PPK e à Força Popular, por meio de Keiko Fujimori. Investigações recentes, porém, apontam que esse montante já passaria dos US$ 40 milhões.

Outros integrantes do Força Popular, como o líder do Congresso, Luis Galarreta, criticaram a prisão de Keiko. "Trata-se de um ato ilegal, inconstitucional e covarde”, nas palavras de Galarreta.

Já seu irmão, Kenji , com quem Keiko rompeu rompeu no final do ano quando este barganhou com o então presidente Pedro Pablo Kuczynski sua liberdade em troca de um indulto para o pai, Alberto Fujimori, não deu declarações sobre a prisão da irmã. Tampouco, até o fechamento desta edição, havia dito nada o presidente da República, Martín Vizcarra.

Erramos: o texto foi alterado

O nome da líder política detida no Peru é Keiko Fujimori, e não Keijo Fujimori. Em versão anterior deste texto, havia sido escrito que o ex-presidente Ollanta Humala continuava em prisão preventiva, mas ele foi solto em abril.

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