Macri perde até 20% de aprovação popular na Argentina, indicam pesquisas

Governo culpa instabilidade econômica e volta esforços para aprovar orçamento

Mauricio Macri, presidente da Argentina, durante encontro na Casa Rosada com membros de time tailandês de futebol
Mauricio Macri, presidente da Argentina, durante encontro na Casa Rosada com membros de time tailandês de futebol - Reuters
SYLVIA COLOMBO
Buenos Aires

Os principais institutos de pesquisa argentinos divulgaram que a aprovação popular ao governo de Mauricio Macri está caindo a níveis preocupantes. Anunciados neste domingo (14), os levantamentos do instituto Management & Fit mostram que, dos 40% que o presidente tinha em março de 2018, agora restam 26%. Já os números do instituto Isonomia mostram uma queda de 60%, índice do presidente em dezembro de 2017, para 40% agora.

As cifras ainda são altas, maiores que as de vários líderes latino-americanos, mas o governo mostra-se preocupado pelo curto espaço de tempo em que se perderam de 15% a 20% de aprovação, isso a pouco mais de seis meses das eleições primárias e um ano antes da próxima eleição presidencial.

A avaliação dos estudos é que a queda se deu principalmente a partir de abril pelas demonstrações de instabilidade econômica, que Macri chama de “tormentas”, quando o dólar disparou e os juros foram elevados a 60%.

O governo culpa o impacto que foi causado pela guerra comercial entre EUA e China nas moedas emergentes. Este foi especialmente mais forte na Argentina porque o país se encontra, ainda, muito dependente de financiamento externo para cobrir o déficit de 5% de seu orçamento.

A principal batalha do governo até o fim do ano é ter o orçamento para 2019 aprovado para o Congresso. Nele, estão medidas para chegar a zero no déficit fiscal e alguns outros ajustes. Enquanto o bloco do Mudemos, aliança governista, votará pelo orçamento, algumas lideranças de peronistas moderados, hoje sob o novo “selo” de "peronismo alternativo", têm colocado entraves para a aprovação do documento, pedindo em troca benefícios para as províncias que representam. Quanto ao kirchnerismo, que tem o maior número de cadeiras na Câmara dos Deputados, há uma forte tendência em rejeitar o documento.

Também na Câmara, novo golpe contra o governo foi a ameaça de que uma das principais aliadas de Macri, Elisa Carrió (Coalizão Cívica), uma das deputadas mais influentes na casa, começou a fazer duras críticas ao presidente. Ela carrega consigo boa parte do eleitorado de Macri.

Não ter o orçamento aprovado seria um baque forte para o governo, que atrelou o empréstimo de US$ 57 bilhões do FMI (Fundo Monetário Internacional) a essas reformas. Equipe da instituição que recentemente visitou o país não voltou com boas notícias —afirmou que agora calcula que a Argentina terá um encolhimento de 2,6% do PIB e uma inflação acumulada em 40% no fim de 2018. A entidade, porém, segue apoiando o país.

O governo passou a semana passada em reuniões para anunciar uma “agenda positiva”, que deve incluir um congelamento do aumento de gás, que ia ser implementado agora, e anúncios de projetos para facilitar o acesso a moradias populares.

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