Pacotes suspeitos são enviados a De Niro e Biden; Trump culpa mídia por 'raiva'

Segundo a polícia, explosivos são semelhantes aos remetidos a líderes democratas na quarta (24)

Nova York | Reuters

O FBI (polícia federal americana) confirmou nesta quinta-feira (25) que pacotes suspeitos foram enviados a Joe Biden, vice-presidente no governo de Barack Obama, e ao ator Robert De Niro, forte crítico do presidente americano, Donald Trump.

A confirmação ocorre depois de a Polícia de Nova York ser chamada na madrugada desta quinta para analisar um objeto encontrado no prédio onde fica o restaurante e a produtora de De Niro.

Outros dois pacotes foram interceptados em Delaware e tinham como destinatário Biden. Os incidentes ocorrem a menos de duas semanas das eleições legislativas nos EUA.

Com isso, chega a dez o número de pacotes suspeitos enviados a políticos democratas, entre eles o ex-presidente Barack Obama e a ex-secretária de Estado Hillary Clinton, ou a figuras associadas ao partido, como George Soros, conhecido doador democrata.

Investigadores acreditam que alguns dos artefatos foram enviados de algum lugar no sul da Flórida. Eles também querem saber por que nenhum dos objetos explodiu e analisam se eles teriam poder de detonação.

Os correios registram imagens da correspondência que chega ao sistema. Os agentes agora estudam as gravações para tentar determinar de onde os pacotes foram enviados e identificar outros artefatos que podem ter sido endereçados a outras pessoas.

Em entrevista nesta quinta-feira, William Sweeney, diretor assistente do FBI em Nova York, afirmou que o pó branco encontrado no pacote enviado à emissora CNN não representava uma ameaça biológica. O material ainda está sendo testado.

Nas últimas oito horas, nenhum dispositivo foi encontrado. O último foi interceptado no prédio da TriBeCa Productions, que pertence a De Niro.

O pacote teria sido entregue na quarta-feira pela manhã pelos correios. O ator não estava no local quando os policiais foram retirar o pacote, na manhã desta quinta. 

De Niro já chamou Trump de "vergonha nacional" em um discurso. Em junho, durante o Tony, o prêmio mais importante do teatro, ele disse: “primeiro, eu quero dizer, foda-se Trump”.

O presidente respondeu em uma série de mensagens nas redes sociais, dizendo que o ator tinha um QI muito baixo.

Nas redes sociais, o presidente culpou nesta quinta a imprensa pela "raiva" na sociedade americana.

"Uma grande parte da Raiva que vemos na nossa sociedade é causada pelas reportagens propositadamente falsas e incorretas da Grande Mídia, à qual me refiro como Fake News. Ficou tão ruim e odioso que está além de descrições. A Grande Mídia deve se retratar, RÁPIDO!", escreveu o presidente.

Nesta quinta, a polícia foi informada às 4h45 da manhã sobre o pacote, que estava no sétimo andar do prédio.

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, defendeu as críticas feitas por Trump à imprensa, em declarações na manhã desta quinta.“O presidente condenou a violência em todas as formas, desde o primeiro dia, e vai continuar a fazer isso. Mas certamente ele sente que todo mundo tem o papel a desempenhar”, afirmou.

Segundo ela, a imprensa “continua a focar só no lado negativo”. “Ontem, a primeira coisa que o presidente fez foi vir a público e condenar a violência. A primeira coisa que sua rede [CNN] fez foi vir a público e acusar o presidente de ser responsável por isso. Isso não é certo. A primeira coisa deveria ter sido condenar a violência.”

O pacote endereçado a De Niro guarda semelhança com os demais. O endereço de retorno era o da congressista Debbie Wasserman Schultz, na Flórida. 

O endereço de retorno era o da congressista Debbie Wasserman Schultz, na Flórida. O envelope também tinha seis selos reproduzindo bandeiras americanas.

Os pacotes revelados nesta quinta se somam aos sete encontrados desde segunda-feira, quando foi identificado o primeiro, enviado ao bilionário George Soros.

Na noite de terça (23), outro explosivo foi interceptado pelo Serviço Secreto na casa do ex-presidente Bill Clinton e da ex-secretária de Estado Hillary Clinton em Chappaqua, Nova York.

Nesta quarta, o caso ganhou novas dimensões, à medida em que informações, algumas posteriormente desmentidas, começaram a aparecer.

Um explosivo foi interceptado no escritório do ex-presidente Barack Obama, em Washington. Outro objeto endereçado a Eric Holder, ex-secretário de Justiça na administração do democrata, retornou ao escritório da congressista Debbie Wasserman Schultz, que foi esvaziado.

 

Mais dois artefatos endereçados à democrata Maxine Waters foram interceptados —um no centro de triagem do Congresso e outro em uma unidade postal em Los Angeles.

A emissora CNN recebeu um pacote endereçado a John Brennan, ex-diretor da CIA (agência de inteligência americana) que atuou no governo Obama e teve a autorização de segurança —que permite acesso a informações confidenciais— revogada por Trump.

A polícia investiga se os pacotes estão sendo deliberadamente enviados a figuras políticas vilipendiadas pela direita e, mais especificamente, por Trump.

As autoridades tratam o caso como terrorismo doméstico, embora o motivo ainda seja desconhecido. Os agentes que investigam o caso não descartam que outros pacotes tenham sido enviados para outras pessoas.

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