Descrição de chapéu Governo Trump

Situação de latinos nos EUA piorou sob Trump, segundo pesquisa

55% relatam ter medo de que eles mesmos, familiares ou amigos sejam deportados

Washington

Ser um latino nos Estados Unidos sob a administração de Donald Trump é mais difícil do que era antes de o republicano assumir a presidência, segundo uma pesquisa divulgada nesta quinta (25) pelo Pew Research Center.

Quase metade dos entrevistados pelo centro de pesquisas (47%) afirmaram que a sua situação no país piorou no último ano. É o pior nível desde 2008, ano da crise financeira que abalou os Estados Unidos, quando 50% disseram que a vida estava pior em comparação com o ano anterior (a série histórica começa em 2007).

A insatisfação aumentou em relação a 2017 —Trump assumiu a presidência em 20 de janeiro daquele ano—, quando 32% de latinos afirmaram que a situação havia se agravado em relação a 2016, época em que o ex-presidente Barack Obama estava de saída da Casa Branca.

A pesquisa foi conduzida entre julho e setembro de 2018 com 1.501 adultos e incluiu cidadãos, residentes permanentes (com green card), imigrantes e americanos descendentes de pessoas de países da América Latina.

A comunidade latina nos Estados Unidos é formada por cerca de 59 milhões de pessoas e é uma das que mais crescem no país.

A divulgação dos dados ocorre a menos de duas semanas das eleições legislativas americanas e em meio às ameaças de Trump de fechar a fronteira com o México para conter a caravana de milhares de imigrantes vindos da América Central.

O levantamento também mostra que houve um crescimento na quantidade de latinos que dizem ter sérias preocupações sobre o seu lugar na sociedade americana no último ano: foi de 41% em 2017 para 49% em 2018.

Cerca de quatro em cada dez entrevistados relataram já ter sido vítimas de preconceito e discriminação por causa de sua origem. Já foram, por exemplo, chamados por nomes ofensivos e criticados por falar espanhol em público.

Além disso, 55% relataram ter medo de que eles mesmos, membros da família ou amigos próximos possam ser deportados. O receio é maior entre os imigrantes: 66% temem ser deportados (a porcentagem é de 43% entre os nascidos nos Estados Unidos). Quase metade dos adultos (49%) são estrangeiros.

Em torno de dois terços dos entrevistados (67%) dizem que as políticas da atual administração Trump foram prejudiciais aos latinos.

Entre algumas das medidas recentes, estão os novos esforços para separar famílias na fronteira, a redução da proteção a imigrantes que chegaram aos Estados Unidos quando crianças, o enfraquecimento do sistema de saúde conhecido como Obamacare e os novos obstáculos para que imigrantes obtenham o green card.

Sob Obama e George W. Bush, 15% (2010) e 41% (2007) se disseram insatisfeitos com os mandatários, respectivamente. E seis em cada dez (62%) dizem que não estão felizes com os rumos da nação, pior nível em dez anos.

A aprovação de Trump varia entre republicanos e democratas. Mais da metade (59%) dos conservadores apoiam o trabalho que o presidente tem feito, enquanto a taxa é de apenas 8% entre os mais progressistas.

Mas aqueles identificados com ambos os partidos mostraram algo em comum: quase 60%, nos dois grupos, estão mais entusiasmados para votar neste ano em comparação com as últimas eleições legislativas.

Mais de 29 milhões de latinos estão aptos para votar em 6 de novembro, quatro milhões a mais do que em 2014, ano das últimas eleições legislativas de meio de mandato, quando não há disputa presidencial, segundo o Pew.

A disposição desse grupo de eleitores para ir até as urnas (nos EUA, o voto não é obrigatório) é importante para os democratas, que esperam recuperar a maioria da Câmara, hoje dominada por republicanos.

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