Twitter divulga tuítes identificados como parte de campanhas de desinformação da Rússia e Irã

Divulgação acontece menos de um mês antes das eleições parlamentares nos EUA

Logos do Twitter em tela de computador em Pequim, na China - Nicolas Asfouri - 23.mar.18/AFP
Reuters

O Twitter publicou nesta quarta-feira (17) um conjunto de cerca de 10 milhões de tuítes que afirma serem potencialmente produto de operações estatais da Rússia e do Irã, lançando nova luz sobre a escala e a natureza das campanhas de desinformação montadas pelos dois países.

A mídia social informou que havia identificado 3.841 contas afiliadas à Internet Research Agency, um grupo russo que dissemina informação falsa que foi indiciada pelo procurador especial dos Estados Unidos, Robert Mueller, por tentativas de interferir na eleição presidencial de 2016.

O Twitter encontrou outras 770 contas em sua plataforma que foram atribuídas ao Irã.

"Estamos disponibilizando esses dados com o objetivo de incentivar pesquisas abertas e investigações sobre esses comportamentos por pesquisadores e acadêmicos de todo o mundo", disse o Twitter em comunicado divulgado em seu site para "integridade das eleições".

No total, as contas expostas compartilharam mais de 10 milhões de tuítes e 2 milhões de imagens e vídeos, disse o Twitter, antes de serem removidas.

A plataforma já divulgou a existência de tuítes que acredita ser o produto de campanhas estrangeiras de desinformação, mas a divulgação das publicações em si nesta quarta-feira permitirá aos pesquisadores aprender muito mais sobre os esforços de desinformação da Rússia e do Irã no Twitter desde 2016.

A divulgação acontece menos de um mês antes das eleições parlamentares nos EUA, que já são objeto de campanhas em mídia social conduzidas por estrangeiros, de acordo com altos funcionários da inteligência norte-americana.

As informações divulgadas mostram que tanto as operações iranianas quanto russas começaram como campanhas para apoiar os governos locais, mas o esforço baseado em Moscou se expandiu para uma "arma ofensiva" voltada para os EUA, disse Ben Nimmo, membro sênior do Digital Forensic Research Lab, do Atlantic Council, que analisou os tuítes.

"A operação iraniana foi desajeitada. Tentou usar as mídias sociais para atrair pessoas para sites de mensagens pró-regime", disse Nimmo, cujo laboratório publicou uma análise detalhada dos tuítes.

"A operação russa foi muito mais habilidosa. Mascarou-se como verdadeiros norte-americanos para influenciar verdadeiros cidadãos dos EUA contra Hillary Clinton e uns contra os outros", acrescentou Nimmo, referindo-se à candidata rival de Donald Trump durante a eleição presidencial de 2016.

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