Autoridades mexicanas negam terem fechado acordo com EUA sobre migrantes

Mas Trump declarou que solicitantes de refúgio terão de ficar no México, corroborando jornal

Cidade do México | BBC NEWS

O futuro ministro das relações exteriores do México afirmou, neste domingo (25), que um possível acordo com os EUA para manter os migrantes centro-americanos em território mexicano ainda não foi fechado, a despeito de relatos publicados no sábado (24) pelo jornal The Washington Post

Migrantes centro-americanos, a maioria de Honduras, permanecem em um abrigo temporário em Tijuana, próximos à fronteira com os Estados Unidos
Migrantes centro-americanos, a maioria de Honduras, permanecem em um abrigo temporário em Tijuana, próximos à fronteira com os Estados Unidos - Guillermo Arias/AFP

Marcelo Ebrard, que assume o cargo na semana que vem, negou que o governo de Andrés Manuel López Obrador tenha fechado acordo para que os solicitantes de refúgio aguardem no México enquanto seus pedidos são processados nos tribunais americanos, o que pode levar meses ou anos. 


A declaração de Ebrard, no entanto, contradiz um tuíte do presidente Donald Trump neste domingo (25).

O republicano afirmou que os migrantes não poderiam entrar no país até que suas solicitações de refúgio fossem aprovadas, como havia sido descrito no possível acordo. 

“Migrantes na fronteira do Sul (com o México) não terão permissão para entrar nos EUA até que suas solicitações de refúgio tenham sido aprovadas individualmente nos tribunais. Não vamos ‘soltar’ ninguém nos EUA. Todos vão ficar no México”, disse Trump na rede social.


As declarações contraditórias emergiram depois de autoridades mexicanas terem afirmado ao The Washington Post que haviam concordado em manter os migrantes dentro do México, no plano chamado de “Permaneça no México”.

Mas Ebrard afirmou que os EUA ainda nem mandaram “uma proposta específica” sobre o assunto. 

Ao Post, a futura ministra do Interior, Olga Sanchez Cordero, havia dito que o plano seria uma “solução para o curto prazo” para lidar com as caravanas de migrantes, mas, posteriormente, ela negou à agência Reuters que houvesse acordo.

Milhares de migrantes da América Central estão atualmente na fronteira entre México e EUA, depois de terem percorrido mais de 4 mil quilômetros. Eles afirmam que estão fugindo da pobreza e da violência em Honduras, Guatemala e El Salvador. Muitos agora estão esperando em abrigos temporários na cidade de Tijuana, o que levou o prefeito a declarar uma crise humanitária. Teme-se que mais de 9 mil migrantes possam ficar retidos na cidade por meses.
 

Trump enviou cerca de 5.800 soldados para a fronteira e tem descrito as caravanas de migrantes como “uma invasão”

Segundo o rascunho do acordo, os solicitantes de refúgio terão de permanecer no México enquanto seus pedidos são processados nos tribunais americanos, o que acaba com o sistema de “pegar e soltar” em vigor nos EUA. De acordo com esse sistema, normalmente os solicitantes de refúgio podem aguardar em solo americano enquanto seus pedidos são processados. Quando são pegos por agentes de imigração, eles fazem o pedido de refúgio, e aí são soltos e instruídos a comparecer diante de um juiz de imigração posteriormente. 

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