Brasileiro que matou tios e primos na Espanha é condenado à prisão perpétua

Jovem pegou pena máxima, que pode ser revista após 25 anos

Guadalajara (Espanha) | AFP

O brasileiro que matou a sangue frio seus tios e primos na Espanha em 2016 foi condenado nesta quinta-feira (15) à prisão perpétua.

François Patrick Nogueira, 22, já havia sido considerado culpado pelo júri de um tribunal espanhol no último dia 3, mas a sentença ainda não havia sido determinada.

Patrick Nogueira Gouveia no primeiro dia do julgamento
Patrick Nogueira Gouveia no primeiro dia do julgamento - Reprodução / TV Cabo Branco

Nogueira confessou ter assassinado e esquartejado seus tios e os filhos deles, de um e três anos, na pequena cidade de Pioz.

Ele recebeu a pena máxima prevista no Código Penal espanhol: prisão perpétua que pode ser revisada após 25 anos de sentença, segundo a decisão lida por María Elena Mayor, presidente do tribunal encarregado do caso, que fica em Guadalajara (a 60 km de Madri).

Ao considerá-lo culpado, o júri havia declarado que Nogueira "sabia o que era certo e errado, e as consequências". "Não foi um ato errático, foi planejado", indicou a declaração.

O brasileiro fugiu, pouco depois de cometer o assassinato, para João Pessoa (PB). Retornou à Espanha em outubro de 2016 e se entregou à polícia, convencido por sua família de que seria melhor cumprir pena na Europa do que no Brasil.

Nogueira, que em um exame psicológico foi descrito com um perfil de personalidade psicopática, manipulador, egocêntrico e sem empatia, assassinou primeiro a tia, Janaína Santos Américo, 39, e os dois filhos do casal, de 1 e 3 anos. Esperou a chegada do tio materno Marcos Campos, 40, e também o matou. 

Em sua primeira declaração no começo do julgamento, em 24 de outubro, ele pediu perdão à sua família e à família de Janaína.

A promotoria sustentou que o jovem brasileiro agiu de forma premeditada e pediu a pena máxima, mas a defesa buscava uma pena inferior, alegando "transtorno mental transitório" do réu e o atenuante de ele ter confessado o crime.

Durante o julgamento, o brasileiro se defendeu alegando que sentia emoções incontroláveis. "Notei que minhas emoções, o modo como me comporto, não é igual ao dos demais, é sempre agravado", declarou Nogueira no tribunal.

Marcos Nogueira, tio de Patrick, e Janaína Américo; casal foi assassinado junto com os dois filhos
Marcos Nogueira, tio de Patrick, e Janaína Américo; casal foi assassinado junto com os dois filhos - Reprodução/Facebook/Janaina Diniz Diniz

O jovem chegou à casa dos tios no dia dos crimes com uma faca afiada, sacolas plásticas e fita de vedação.

Ele assassinou primeiro a tia, Janaína Santos Américo, 39, e os dois filhos do casal. Esperou a chegada do tio materno Marcos Campos, 40, e também o matou. 

Os corpos dos adultos foram esquartejados e os pedaços, colocados em sacolas plásticas. Depois, o jovem limpou a casa, a si mesmo, e esperou para pegar o ônibus de volta na manhã seguinte, de acordo com os documentos judiciais.

Os corpos foram encontrados um mês depois, graças a um funcionário da manutenção que alertou para o odor procedente da residência.

Enquanto cometia os crimes, Nogueira trocou mensagens com um amigo no Brasil, Marvin Henriques, a quem "pedia conselhos, relatava o que estava fazendo e enviava fotografias dos cadáveres, recebendo por parte de seu interlocutor mensagens de incentivo", afirma um documento judicial.

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