Brasileiro que matou tios e primos na Espanha é condenado pela Justiça

Jovem confessou ter esquartejado os parentes em 2016; para júri, ação foi planejada

Madri | AFP

O júri de um tribunal espanhol anunciou neste sábado (3) que considerou culpado um jovem brasileiro acusado de assassinar a sangue frio dois tios e dois primos em 2016, um crime que chocou o país. 

Os nove membros do júri haviam iniciado suas deliberações nesta sexta (2) e concluíram que François Patrick Nogueira Gouveia, 21, matou intencionalmente seus familiares —ele tinha 19 anos na época do crime. 

"Sabia o que era certo e errado, e as consequências. Não foi um ato errático, foi planejado", indica a declaração do júri.

Patrick Nogueira Gouveia (de óculos) no primeiro dia de seu julgamento na Espanha
Patrick Nogueira Gouveia (de óculos) no primeiro dia de seu julgamento na Espanha - Reprodução - 24.out.18/TV Cabo Branco

O juiz do tribunal da Audiência Provincial de Guadalajara, a cerca de 60 km de Madri, deve decidir agora a data da audiência em que será conhecida a sentença de Nogueira, que pode ser condenado à prisão perpétua.

O brasileiro fugiu, pouco depois de cometer o assassinato, para João Pessoa (PB). Retornou à Espanha em outubro de 2016 e se entregou à polícia, convencido por sua família de que seria melhor cumprir pena na Europa do que no Brasil.

O assassino confesso de seu tio por parte de mãe, a mulher dele e os dois filhos do casal, de 1 e 3 anos, disse em sua primeira declaração no começo do julgamento, em 24 de outubro, que pedia perdão à sua família e à família de sua tia Janaína.

A promotoria sustentou que o jovem brasileiro agiu de forma premeditada e pediu a pena máxima prevista no código penal espanhol, uma condenação perpétua que pode ser revisada a partir dos 25 anos de prisão.

Mas a defesa busca uma pena inferior, alegando "transtorno mental transitório" do réu e o atenuante de ele ter confessado o crime.

O brasileiro se defendeu alegando, na semana passada, que sentia emoções incontroláveis. "Notei que minhas emoções, o modo como me comporto, não é igual ao dos demais, é sempre agravado", declarou Nogueira no tribunal.

O jovem chegou à casa dos tios no dia dos crimes com uma faca afiada, sacolas plásticas e fita de vedação.

Ele assassinou primeiro a tia, Janaína Santos Américo, 39, e os dois filhos do casal. Esperou a chegada do tio materno Marcos Campos, 40, e também o matou. 

Os corpos dos adultos foram esquartejados e os pedaços, colocados em sacolas plásticas. Depois, o jovem limpou a casa, a si mesmo, e esperou para pegar o ônibus de volta na manhã seguinte, de acordo com os documentos judiciais.

Os corpos foram encontrados um mês depois, graças a um funcionário da manutenção que alertou para o odor procedente da residência.

Enquanto cometia os crimes, Nogueira trocou mensagens com um amigo no Brasil, Marvin Henriques, a quem "pedia conselhos, relatava o que estava fazendo e enviava fotografias dos cadáveres, recebendo por parte de seu interlocutor mensagens de incentivo", afirma um documento judicial.

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