Israel e Hamas acertam cessar-fogo em meio a ataques que mataram 8 na fronteira de Gaza

Palestinos lançaram mísseis em direção a Israel, que bombardeou faixa de Gaza

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Danos causados por um ataque de morteiros lançado de Gaza contra Sderot, no sul de Israel - Jini/Xinhua
Gaza e Jerusalém | Associated Press e Reuters

Grupos militantes palestinos em Gaza disseram nesta terça-feira (13) ter aceitado a proposta, intermediada pelo Egito, de um cessar-fogo para conter a escalada da violência na fronteira com Israel. O governo israelense não se pronunciou oficialmente sobre o acordo, mas fontes diplomáticas confirmaram a trégua ao jornal israelense "Haaretz".

Mais cedo nesta terça, o governo de Israel bombardeou a faixa de Gaza enquanto os palestinos seguiram lançando centenas de foguetes em direção ao território israelense na maior escalada de violência desde 2014 na região. 

A troca de foguetes deixou dois mortos na faixa de Gaza, segundo o Ministério de Saúde local, e um em Israel —segundo a agência Associated Press, um palestino que trabalhava na cidade israelense de  Ashkelon. Na segunda (12) outros cinco palestinos já tinham morrido na faixa de Gaza em decorrência do bombardeiro e ao menos 70 pessoas ficaram feridas dos dois lados. 

O grupo islâmico Hamas, que controla Gaza, emitiu um comunicado conjunto com outros grupos militantes anunciando a trégua e dizendo que a manterão enquanto Israel também estiver comprometido com o acordo. 

O "Haaretz" aponta que a situação é muito precária e, na visão da diplomacia israelense, os ataques podem ser retomados a qualquer momento. Segundo o jornal, os carregamentos com combustível, supervisionados pela ONU (Organização das Nações Unidas), continuam atravessando a fronteira israelense rumo à Gaza.

Os moradores do território palestino viram o cessar-fogo como uma vitória para o Hamas, por ter feito Israel ceder. Em meio a uma aparente calmaria, centenas de apoiadores do grupo foram às ruas em apoio ao braço militar do grupo.

Na cidade de Sderot, no sul de Israel, uma das mais atingidas pelos morteiros lançados do território palestino, dezenas de manifestantes queimaram pneus, bloquearam trânsito e gritaram "desgraça" em protesto à trégua, que consideram uma concessão do governo à violência dos militantes.

O Conselho de Segurança da ONU fará ainda nesta terça-feira uma reunião a portas fechadas para discutir a situação. O encontro foi pedido por representantes do Kuwait, que representa os países árabes no órgão, e da Bolívia, segundo informou a agência AFP.

Conflito começou com operação secreta israelense

O conflito começou no domingo (11), após uma operação secreta do Exército israelense matar um líder do Hamas, que controla Gaza, e outros seis palestinos que também fariam parte da facção. Um tenente-coronel israelense também morreu na ação. 

Com isso, os palestinos passaram a lançar na segunda foguetes em direção a Israel, que respondeu com bombardeios, gerando uma crise exatamente em um momento que avançavam as negociações para conter a violência. 

A região não via uma troca tão intensa de foguetes desde 2014, quando uma guerra de 50 dias entre Hamas e Israel deixou mais de 2.000 mortos, a maioria do lado palestino. 

Os militares israelenses afirmaram que cerca de 400 foguetes foram disparados pelos palestinos, dos quais ao menos 100 foram interceptados pelo sistema de defesa. 

Sirenes de emergência tocaram em diversas cidades próximas da fronteira com a faixa de Gaza, levando os moradores a se esconderem em abrigos antibomba e muitas escolas fecharam as portas.

Morador da região, Rachel Danzing, 64, disse que um desses foguetes caiu em seu jardim. "Eu estava no abrigo antibombas deitada na cama quando ouvi aquele barulho terrível. Eu senti o cheiro e ouvi tudo explodindo, o barulho de vidros quebrando", disse ao jornal local Haaretz.  

Um porta-voz do Exército israelense,  Jonathan Conricus, disse que o Hamas possui mais de 20 mil foguetes, alguns com capacidade de atingir Tel  Aviv e Jerusalém. 

Um representante do Hamas que se identificou como  Abu Obeida afirmou que o ataque mostrou que o alcance dos foguetes aumentou e ameaçou atacar as cidades de Ashdod and Beersheba caso "o inimigo [Israel] continue a bombardear alvos civis". 

Segundo o Hamas, mais de cem alvos na faixa de Gaza foram alvejados pelo bombardeiro israelense, incluindo locais com civis.

Tel Aviv, porém, afirma que os ataques tiveram como alvo apenas locais ligados ao próprio Hamas, incluindo uma estação de TV do grupo e um armazém de munição. Um militar israelense disse ao haaretz que o país desenvolveu tecnologias para fazer ataques a alvos no meio de cidades sem ferir civis. 

Os palestinos, porém, afirmaram que entre os alvos estavam prédios residenciais sem ligação com o grupo. Abu Habboush, que morava em um desses locais, disse que teve que deixar seu apartamento correndo após receber tiros de aviso dos militares israelenses. Na sequência, o prédio foi atingido e desabou, segundo disse ele à agência Reuters.

A crise fez o premiê israelense Binyamin Netanyahu convocar uma reunião de emergência do gabinete para debater o assunto. 

A ONU e o Egito vinham negociando com os dois lados uma tentativa de cessar-fogo na região, que vive uma onda de violência desde 30 de março, quando os palestinos lançaram protestos semanais na fronteira com Israel.

Essas manifestações muitas vezes acabavam em conflitos e mais de 220 palestinos foram mortos no período.  No mesmo período, dois soldados israelenses morreram, incluindo o deste domingo. 

Na semana passada, porém, o Hamas concordou em diminuir a intensidade dos protestos após Israel autorizar a entrega em Gaza de US$ 15 milhões (R$ 56,4 milhões) em ajuda do Catar, o que aumentou as expectativas de um cessar-fogo.    

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