Conflito na faixa de Gaza deixa um militar israelense e dez palestinos mortos

Ação ocorre em um momento e que avançavam as tratativas para conter a violência na região

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Palestinos observam um veículo destruído na cidade de Khan Younis, na faixa de Gaza, que o Hamas atribuiu ao bombardeio israelense
Palestinos observam um veículo destruído na cidade de Khan Younis, na faixa de Gaza, que o Hamas atribuiu ao bombardeio israelense - Khaled Omar/Xinhua
Jerusalém | AFP, Associated Press e Reuters

Um confronto na faixa de Gaza que começou após uma operação israelense na noite de domingo (11) e que continuou nesta segunda (12) deixou 11 pessoas mortas, sendo um militar de Israel e dez palestinos, metade deles militantes do grupo Hamas. 

A ação acontece exatamente no momento que avançavam as negociações entre os dois lados para conter a violência, que são intermediadas pelo Egito e pelo Qatar. 

Não estão claros ainda os detalhes do confronto, mas o grupo radical islâmico Hamas (que controla a faixa de Gaza) afirmou que agentes israelenses disfarçados de civis entraram na faixa de Gaza em um carro descaracterizado e iniciaram uma ação na qual mataram um comandante do grupo, Nour el-Deen Baraka. 

Na sequência, ainda segundo o Hamas, militantes do grupo identificaram o veículo e passaram a perseguir os agentes, levando Israel a bombardear o local. Nesse confronto, outros seis palestinos morreram.

Israel confirmou que um tenente-coronel morreu e outro militar ficou ferido durante uma operação na faixa de Gaza e que o restante dos agentes voltou em segurança.

"Durante uma operação das forças especiais na faixa de Gaza, houve uma troca de tiros", informou o Exército em comunicado. "Um agente das FDI [Forças de Defesa de Israel] morreu e outro agente foi levemente ferido".

Na sequência, foguetes foram lançados da faixa de Gaza em direção a Israel durante a madrugada. 

No início da tarde, os ataques recomeçaram, atingiram um ônibus israelense, que deixou pelo menos um jovem de 19 anos em estado grave e outros nove feridos.

O governo de Israel disse que ao menos 100 foguetes foram lançados contra seu território em uma hora, no maior volume desde a guerra de 50 dias entre o país e os grupos palestinos em 2014. 

Os disparos continuaram, com intensidade menor, durante a noite. Alguns deles chegaram a atingir casas na cidade israelense de Sderot, vizinha à fronteira, e provocaram incêndios em áreas descampadas. A resposta veio com um novo bombardeio à faixa de Gaza, que deixou mais três pessoas mortas, fazendo o total chegar a 11.

Os mísseis também atingiram o prédio da TV Al Aqsa, a emissora oficial do Hamas. Não há informação de feridos. O canal teve sua programação interrompida por meia hora e voltou com programas gravados.

O Hamas e o movimento Jihad Islâmica disseram que o disparo de foguetes foi uma retaliação à ação israelense em território palestino. O porta-voz do segundo grupo, Daoud Shehab, afirmou que "a ocupação e seus apoiadores sabem que as vidas de nossos filhos têm um preço".

O Ministério da Saúde palestino disse que ao menos cinco dos mortos eram militantes do Hamas. O funeral deles foi acompanhado pelo líder do grupo, Ismail Haniyeh. Os palestinos também restringiram a circulação nas áreas de fronteira com Israel, impedindo a saída de jornalistas estrangeiros, empresários e alguns profissionais de saúde.

O confronto ocorre uma semana após o governo do premiê Binyamin Netanyahu autorizar que uma ajuda de US$ 15 milhões (R$ 56 milhões) do Qatar fosse entregue ao comando da faixa de Gaza. 

Isso fez o Hamas diminuir a intensidade dos protestos que lidera nas sextas-feiras na fronteira com Israel. Realizadas semanalmente, as manifestações costumam terminar com confrontos.

Segundo a agência de notícias AFP, desde março 227 palestinos foram mortos por tiros disparados por soldados israelenses, a maior parte deles exatamente durante os confrontos nos protestos de sexta. No mesmo período, dois soldados israelenses morreram, incluindo o deste domingo, que não teve o nome revelado. 

Na manhã de domingo, Netanyahu tinha defendido a autorização para a entrega do dinheiro, que foi alvo de crítica de membros do seu gabinete. "Não vou retroceder ante uma guerra necessária, mas quero evitá-la se não for indispensável", disse ele no sábado. 

Após o confronto deste domingo, porém, o premiê decidiu antecipar seu retorno ao país —ele estava em Paris para as comemorações do centenário do fim da Primeira Guerra Mundial.

Desde que o Hamas passou a controlar Gaza, em 2007, houve três guerras com Israel. Na última, há quatro anos, mais de 2.200 palestinos foram mortos

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