Eduardo Bolsonaro diz que mudança de embaixada brasileira para Jerusalém está decidida

Transferência pode gerar atritos entre o Brasil e países árabes

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Fachada da embaixada do Brasil em Tel Aviv, Israel - Jack Guez - 28.out.2018/AFP
Washington

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) afirmou nesta terça (27) que a transferência da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém está decidida.

"A questão não é perguntar se vai, a questão é perguntar quando será", afirmou nesta terça (27), após participar de um almoço na Câmara de Comércio dos Estados Unidos, em Washington. 

O filho de Jair Bolsonaro, que chegou aos Estados Unidos na segunda (26), afirmou que ainda não sabe ao certo a data da mudança e que o governo está "estudando como se faz isso". 

A proposta foi anunciada pelo presidente durante a campanha, como um aceno ao governo israelense e à sua base evangélica. No início de novembro, contudo, após o cancelamento de um compromisso diplomático com o Brasil pelo Egito, o pesselista afirmou que a mudança ainda não estava decidida

O deputado Eduardo Bolsonaro e Jared Kushner, em encontro na Casa Branca
O deputado Eduardo Bolsonaro e Jared Kushner, em encontro na Casa Branca - Reprodução/Twitter

O deputado minimizou o episódio e disse que não vê uma crise entre os dois países. Segundo ele, houve apenas um adiamento da visita do novo chanceler, Ernesto Araújo, para o ano que vem. "Com certeza fará bons negócios lá", disse. 

Em relação a um possível embargo que o país poderia sofrer por parte dos países árabes por causa da transferência da representação diplomática, o deputado disse que é preciso "ter uma maneira de tentar suprir" eventuais retaliações comerciais. Mas acredita que o apoio do Brasil a políticas contra o regime de Teerã, em mais um alinhamento com a política externa dos Estados Unidos, poderia diminuir o desgaste do Brasil com esses países. 

"A maioria ali é sunita, veem com grande perigo o Irã", afirmou. "Quem sabe apoiando políticas para frear o Irã, que quer dominar aquela região, a gente não consiga um apoio desses países árabes." 

Juntas, nações árabes são o segundo maior comprador de proteína animal brasileira. As exportações somaram US$ 13,5 bilhões (cerca de R$ 52,3 bi) em 2017 e o superávit para o Brasil foi de US$ 7,17 bilhões (R$ 27,7).

Após o evento na Câmara de Comércio com empresários, Eduardo seguiu para o Senado americano. Questionado sobre a visita, secretário de assuntos internacionais do PSL, não deu detalhes sobre a visita.

Durante a manhã, o congressista se encontrou com Jared Kushner, genro e um dos principais conselheiros do presidente americano, Donald Trump. Os Estados Unidos transferiram a embaixada americana para Jerusalém em maio deste ano.

Segundo Eduardo, os dois falaram sobre política internacional e outros assuntos "de maneira bem genérica". Não entrou em detalhes, contudo, sobre os temas conversados.

"A nossa recepção aqui nos EUA tem sido a melhor possível", disse. "Tanto na parte do governo quanto da iniciativa privada, você consegue sentir entusiasmo das pessoas. Eles realmente acreditam que vai ocorrer uma mudança no Brasil, e a gente também acredita nisso." 

A próxima parada do parlamentar será em Nova York, para onde irá "hoje à noite ou amanhã", segundo ele.

​A viagem representa um primeiro esforço para “resgatar a credibilidade brasileira” no país, segundo o filho do presidente. “A gente veio aqui para dar os primeiros passos”, afirmou, no início da tarde. “Dizer que o novo governo está disposto não só a fazer comércio como também cooperar em diversas outras áreas.“ 

Em seu primeiro dia nos Estados Unidos, Eduardo participou de encontros no Departamento de Estado, na OEA (Organização dos Estados Americanos), no Conselho de Segurança Nacional e no Departamento de Comércio.

A crise na Venezuela foi um assunto que permeou as reuniões. O deputado afirmou que o governo poderia, em cooperação com os Estados Unidos, congelar ativos cubanos e venezuelanos no Brasil para "dar calote muito grande em ditadores". 

Ele aventou também a possibilidade de lançar mão da Convenção de Palermo, tratado multilateral contra o crime organizado transnacional, contra os regimes autoritários. Sérgio Moro e Ernesto Araújo, futuros ministros da Justiça e das Relações Exteriores, poderiam ficar encarregados da ação. 

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