Emirados Árabes Unidos condenam britânico à prisão perpétua por espionagem

Aluno de doutorado Matthew Hedges recebeu pena em sessão de 5 minutos

Abu Dhabi | Reuters

Uma corte dos Emirados Árabes Unidos condenou o aluno de doutorado britânico Matthew Hedges, 31, à prisão perpétua por acusações de ser um espião do governo britânico. A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse estar preocupada e desapontada com o julgamento.

Segundo a família de Hedges, a sessão durou menos de cinco minutos e o advogado do britânico não estava presente.

Estudante da Escola de Governo e Assuntos Internacionais da Universidade de Durham, ele está detido nos Emirados Árabes desde 5 de maio, quando foi preso no Aeroporto Internacional de Dubai após passar duas semanas no país realizando uma pesquisa acadêmica. Ele passou cinco meses na solitária até ser liberado sob fiança para aguardar o julgamento.

O estudante britânico Matthew Hedges e sua mulher, Daniela Tejada - AFP

Segundo a família dele, Hedges teve de assinar uma confissão em árabe que não entendeu e teria sofrido abalos físicos e emocionais durante o tempo que passou preso.

As evidências apresentadas contra Hedges incluem notas de sua pesquisa para a dissertação, segundo a família do britânico.

"Eu estou em completo choque e não sei o que fazer. Matthew é inocente", disse sua esposa, Daniela Tejada. Ela estava presente na corte durante o julgamento e disse que Hedges estava tremendo quando ouviu o veredito.

Normalmente, sentenças de prisão perpétua para cidadãos estrangeiros representam pena máxima de 25 anos na cadeia, seguida de deportação, segundo o jornal estatal O Nacional, que publicou comunicado sobre o veredito. O julgamento foi fechado ao público e à imprensa.

O jornal informou que o aluno britânico foi preso após a denúncia de um árabe de que ele estava perguntando por informação confidencial. Ele confessou, ainda segundo O Nacional, durante interrogatório. 

O britânico tem 30 dias para recorrer da sentença.

A primeira-ministra ​May disse ao Parlamento estar "profundamente desapontada e preocupada com o veredito de hoje". Ela afirmou ainda que levará o caso, junto ao ministro de Relações Exteriores, Jeremy Hunt, ao mais alto escalão do governo dos Emirados Árabes.

"O veredito de hoje não é o que nós esperamos de um amigo e parceiro de confiança do Reino Unido e vai contra as garantias [concedidas anteriormente]", explicou Hunt, em comunicado, acrescentando que a decisão da corte terá consequências nas relações bilaterais dos países.

Mais de 120 acadêmicos de todo o mundo assinaram uma petição para que os Emirados Árabes Unidos  soltem Hedges. A Universidade de Durham divulgou um comunicado conjunto com a Universidade de Exeter no qual aponta que o britânico realizou sua pesquisa conforme todas as regras estipuladas e diz estar preocupada com o bem-estar de seu aluno.

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