Um juiz federal ordenou na manhã desta sexta (16) que a Casa Branca restitua de forma temporária a credencial do jornalista da CNN Jim Acosta, suspensa após o repórter entrar em um embate com o presidente Donald Trump durante uma entrevista coletiva no último dia 7.
A decisão representa uma vitória para os jornalistas, em meio a crescentes tensões entre a imprensa e o republicano, que a classifica como "inimiga do povo".
A emissora entrou com uma ação em uma corte de Washington contra Trump e alguns de seus assessores na última terça (13), alegando que os direitos de Acosta e da CNN previstos na primeira e na quinta emendas constitucionais (que tratam da liberdade de expressão e de imprensa e do abuso de poder por parte do estado, respectivamente) foram violados com a suspensão do passe.
Também pede que a medida adotada pela administração do republicano seja declarada inconstitucional, o que poderia proteger outros jornalistas de eventuais retaliações por parte do governo.
Essa foi uma das razões para dezenas de veículos de imprensa, inclusive a Fox News, que apoia Trump e é rival da CNN, apoiarem a ação protocolada pela emissora, apresentando comentários e argumentos à Justiça que deram suporte ao pedido.
Por ora, o juiz Timothy J. Kelly apenas acatou o pedido da emissora para que a credencial fosse recuperada. Outras questões que constam na ação ainda precisam ser julgadas. Novas audiências devem ser realizadas nas próximas semanas, segundo a CNN.
A emissora e Acosta comemoraram o resultado. "Nós estamos satisfeitos com esse resultado e esperamos por uma resolução completa nos próximos dias", escreveram, em comunicado. "Nossos sinceros agradecimentos a todos que apoiaram não apenas a CNN, mas uma imprensa americana livre, forte e independente."
A ACLU (American Civil Liberties Union) afirmou que a decisão "reafirma que ninguém, nem mesmo o presidente, está acima da lei". "A liberdade da imprensa é um princípio fundamental, e a nossa democracia é fortalecida quando jornalistas desafiam nossos líderes em vez de serem complacentes com ele", disse a organização em um comunicado.
O presidente americano, Donald Trump, afirmou durante o início da tarde que a administração está preparando regras e regulamentos para orientar a conduta de jornalistas em coletivas. "As pessoas vão ter que se comportar", afirmou. "Você não pode fazer três e quatro perguntas. Você não pode ficar de pé e não se sentar."
Em seguida, disse que defende "a total liberdade da imprensa, mais importante para mim do que qualquer um poderia acreditar", mas que é preciso "agir com respeito quando se está na Casa Branca".
A secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, também afirmou que serão desenvolvidos "regras e processos para garantir coletivas de imprensa justas e ordenadas no futuro."
O episódio que levou à retaliação por parte da Casa Branca ocorreu durante a primeira entrevista coletiva do presidente após as eleições legislativas.
A justificativa da gestão para a suspensão da credencial foi de que Acosta teria tocado de forma agressiva uma auxiliar que tentava tirar um microfone de sua mão e que agiu de forma desrespeitosa com os colegas ao não ceder a vez.
A secretária de Imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, chegou a compartilhar um vídeo que mostrava Acosta tocando a assessora de forma agressiva, mas a imagem tinha sido manipulada por um site que promove teorias da conspiração.
A associação que representa os jornalistas que cobrem a administração classificou a suspensão da credencial de "inaceitável" e solicitou a reversão imediata da medida, classificada como "frágil e equivocada."
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