Descrição de chapéu Governo Trump

Juiz determina que Casa Branca devolva credencial de repórter da CNN

Jim Acosta teve sua entrada suspensa após embate com Donald Trump durante entrevista

Momento em que uma auxiliar da Casa Branca tenta pegar o microfone de Jim Acosta enquanto ele debate com Donald Trump
Momento em que uma auxiliar da Casa Branca tenta pegar o microfone de Jim Acosta enquanto ele debate com Donald Trump - Jonathan Ernst - 7.nov.18/Reuters
Washington

Um juiz federal ordenou na manhã desta sexta (16) que a Casa Branca restitua de forma temporária a credencial do jornalista da CNN Jim Acosta, suspensa após o repórter entrar em um embate com o presidente Donald Trump durante uma entrevista coletiva no último dia 7.

A decisão representa uma vitória para os jornalistas, em meio a crescentes tensões entre a imprensa e o republicano, que a classifica como "inimiga do povo".

A emissora entrou com uma ação em uma corte de Washington contra Trump e alguns de seus assessores na última terça (13), alegando que os direitos de Acosta e da CNN previstos na primeira e na quinta emendas constitucionais (que tratam da liberdade de expressão e de imprensa e do abuso de poder por parte do estado, respectivamente) foram violados com a suspensão do passe.

Também pede que a medida adotada pela administração do republicano seja declarada inconstitucional, o que poderia proteger outros jornalistas de eventuais retaliações por parte do governo.

Essa foi uma das razões para dezenas de veículos de imprensa, inclusive a Fox News, que apoia Trump e é rival da CNN, apoiarem a ação protocolada pela emissora, apresentando comentários e argumentos à Justiça que deram suporte ao pedido.

Por ora, o juiz Timothy J. Kelly apenas acatou o pedido da emissora para que a credencial fosse recuperada. Outras questões que constam na ação ainda precisam ser julgadas. Novas audiências devem ser realizadas nas próximas semanas, segundo a CNN.

A emissora e Acosta comemoraram o resultado. "Nós estamos satisfeitos com esse resultado e esperamos por uma resolução completa nos próximos dias", escreveram, em comunicado. "Nossos sinceros agradecimentos a todos que apoiaram não apenas a CNN, mas uma imprensa americana livre, forte e independente."

O jornalista Jim Acosta, da CNN, deixa tribunal em Washington após a decisão
O jornalista Jim Acosta, da CNN, deixa tribunal em Washington após a decisão - Mandel Ngan/AFP

A ACLU (American Civil Liberties Union) afirmou que a decisão "reafirma que ninguém, nem mesmo o presidente, está acima da lei". "A liberdade da imprensa é um princípio fundamental, e a nossa democracia é fortalecida quando jornalistas desafiam nossos líderes em vez de serem complacentes com ele", disse a organização em um comunicado.

O presidente americano, Donald Trump, afirmou durante o início da tarde que a administração está preparando regras e regulamentos para orientar a conduta de jornalistas em coletivas. "As pessoas vão ter que se comportar", afirmou. "Você não pode fazer três e quatro perguntas. Você não pode ficar de pé e não se sentar."

Em seguida, disse que defende "a total liberdade da imprensa, mais importante para mim do que qualquer um poderia acreditar", mas que é preciso "agir com respeito quando se está na Casa Branca". 

A secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, também afirmou que serão desenvolvidos "regras e processos para garantir coletivas de imprensa justas e ordenadas no futuro."

O episódio que levou à retaliação por parte da Casa Branca ocorreu durante a primeira entrevista coletiva do presidente após as eleições legislativas.

A justificativa da gestão para a suspensão da credencial foi de que Acosta teria tocado de forma agressiva uma auxiliar que tentava tirar um microfone de sua mão e que agiu de forma desrespeitosa com os colegas ao não ceder a vez.

A secretária de Imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, chegou a compartilhar um vídeo que mostrava Acosta tocando a assessora de forma agressiva, mas a imagem tinha sido manipulada por um site que promove teorias da conspiração. 

A associação que representa os jornalistas que cobrem a administração classificou a suspensão da credencial de "inaceitável" e solicitou a reversão imediata da medida, classificada como "frágil e equivocada."

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