Trump chama de caça às bruxas a investigação de negócio entre sua empresa e a Rússia

Ex-advogado do presidente admitiu mentir sobre conversas com Moscou

O presidente Donald Trump foi às redes sociais nesta sexta-feira (30) se defender de nova suspeita lançada sobre um projeto imobiliário que sua empresa buscava construir em Moscou, na Rússia, em 2016, enquanto o republicano disputava as primárias da eleição presidencial.

O ex-advogado de Trump Michael Cohen se declarou culpado nesta quinta (29) de ter prestado declarações falsas ao Congresso sobre o caso, parte de uma investigação mais ampla sobre a interferência da Rússia nas eleições de 2016.

A versão inicial de Cohen era de que o presidente tentou levar o projeto adiante durante a temporada de primárias do último pleito presidencial, mas que havia desistido em janeiro de 2016 por "uma variedade de razões comerciais". Agora, ele admite que as negociações continuaram até junho daquele ano.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fala com repórteres em Washington, antes de seguir para o G20 - Ting Shen-02.dez.2012/Xinhua

"Eu entendo! Eu sou um ótimo empreendedor, vivendo minha vida feliz, quando eu vejo nosso país indo na direção errada (para ser sutil). Contra todas as expectativas, eu decido concorrer à Presidência e continuo tocando meu negócio muito legítimo e muito legal, falei sobre isso nos eventos de campanha", escreveu em seu perfil no Twitter.

"Pesquisei brevemente a construção de um prédio na Rússia. Coloquei zero dinheiro, zero garantias e não fiz o projeto. Caça às bruxas!"

Cohen havia contado a congressistas que o empreendimento de Trump na Rússia estava nos estágios iniciais no fim de 2015 e que as obras foram interrompidas em janeiro de 2016. O imbróglio o levou a enviar um email para um assessor do presidente russo, Vladimir Putin, solicitando ajuda. 

Apesar de ter dito que nunca recebeu um retorno e que o projeto foi paralisado, uma troca de emails revelada pelo jornal The Washington Post mostrou que Cohen manteve contato com Felix Sater, incorporador russo que estava prestando auxílio ao projeto, ao longo de 2016. 

Em junho do mesmo ano, Sater o convidou para participar de uma conferência econômica em São Petersburgo, garantindo que seria apresentado ao primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, e talvez até mesmo a Putin, segundo o Washington Post. 

O ex-advogado de Donald Trump Michael Cohen deixa Corte Federal após depoimento em que admitiu ter mentido sobre negócios do republicano em Moscou - Andrew Kelly-29.nov.2018/Reuters

Cohen trabalhou como advogado de Trump e de sua empresa do setor imobiliário por uma década. Após as eleições, tornou-se o advogado pessoal do republicano. 

Nos últimos meses, deixou o papel de assessor leal e disse que a sua consciência pedia que revelasse a verdade sobre Trump. Antes das eleições legislativas, incentivou o público a votar nos democratas.

Cohen é só mais um na lista de acusados por Mueller como resultado das investigações sobre a interferência russa nas eleições presidenciais, que inclui 33 pessoas e três empresas. 

Os ex-assessores de campanha de Trump George Papadopoulos e Rick Gates e o ex-chefe de campanha do republicano Paul Manafort estão entre eles.

Durante a tarde desta quinta, Trump acusou Cohen de ser uma “pessoa fraca” e de estar “inventando essa história” para conseguir reduzir a sua sentença. 

Disse, porém, que, mesmo que fosse verdade, “não importa”. “Eu podia fazer o que quisesse durante a campanha. Eu estava tocando o meu negócio, um monte de coisas diferentes durante a campanha”, afirmou. “Todos sabem sobre o acordo. Eu não estava tentando esconder nada”, acrescentou.  

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