Um terço dos europeus diz que Israel usa Holocausto para se justificar, aponta pesquisa

Levantamento encomendado pela CNN mostra situação do antissemitismo no continente

São Paulo

Cerca de um em cada três europeus considera que Israel usa o Holocausto para justificar suas ações e 31% acredita que os judeus fazem o mesmo para fazer avançar seus objetivos pessoais, aponta uma pesquisa divulgada nesta terça (27).

O levantamento, que tem como objetivo mostrar a situação do antissemitismo na Europa, foi encomendado pela rede de TV CNN e realizado pela consultoria britânica ComRes.

Ao todo, mais de 7.092 pessoas foram entrevistadas pela internet entre 7 e 20 de setembro em sete países europeus: Alemanha, Reino Unido, França, Polônia, Áustria, Hungria e Suécia (foram mais de mil entrevistas em cada um).

Protesto contra o antissemitismo em Londres em abril
Protesto contra o antissemitismo em Londres em abril - Tolga Akmen - 8.abr.18/AFP

O nível de confiança da pesquisa é de 95%, mas a CNN não divulgou a margem de erro e nem justificou a escolha dos países.

O levantamento mostrou que 4% dos europeus não sabem o que é o Holocausto —o genocídio contra os judeus realizado pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).  

Para dois em cada três europeus, realizar cerimônias para lembrar o Holocausto ajuda a impedir que ele volte a acontecer e metade diz que a lembrança do genocídio ajuda no combate ao antissemitismo.

Mas para 31%, essas comemorações tiram a atenção de atrocidades que estão sendo cometidas atualmente.

O levantamento mostrou que 28% dos entrevistados avaliam que os judeus têm influência demais nas finanças mundiais, número que é de 23% em relação aos conflitos pelo mundo, 22% em questões políticas e 17% para a imprensa internacional.

A maioria, porém, não sabe quantos judeus existem no mundo, já que apenas 7% responderam corretamente que são menos do que 1% da população mundial (o correto é 0,2%) —​27% não responderam.

Questionado sobre o número de judeus no país do entrevistado, 57% disseram erradamente que eles representam no mínimo 3% da população, quando na verdade a taxa só supera 2% em Israel.

Para 35%, apoiadores de Israel usam o antissemitismo como justificativa para calar os críticos, embora um terço considere que essas críticas são causadas exatamente pelo antissemitismo.

O número de entrevistados que tem um sentimento desfavorável em relação aos israelenses (15%) é próximo aos que não gostam de palestinos (18%).

No total, 54% defendem o direito de Israel existir como um Estado judeu e metade defende que os governos devem fazer mais para combater o antissemitismo. Para 28%, porém, o preconceito contra judeus é culpa de Israel e para 18%, dos próprios judeus.

A pesquisa também apontou que 10% dos europeus têm uma visão ruim dos judeus, taxa menor do que para a comunidade LGBT (16%), para imigrantes (36%), muçulmanos (37%) e ciganos (39). O resultado, porém, foi maior do que para cristãos (5%) e para não religiosos (3%).

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