Pela primeira vez, a cúpula do G20 ocorreu na América do Sul. Líderes mundiais estiveram em Buenos Aires na sexta (30) e no sábado (1º). A Lupa checou algumas frases ditas pelo presidente Michel Temer no encontro.
“O banco [Novo Banco de Desenvolvimento] já se mostrou rentável, tendo multiplicado os mais de US$ 4 bilhões que nele [nós, os BRICS,] investimos”
FALSO Em 2014, cada um dos países que compõem o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se comprometeu a fazer um investimento inicial de US$ 2 bilhões no Novo Banco de Desenvolvimento. O investimento inicial total acordado foi, portanto, de US$ 10 bilhões. Mas, segundo o próprio governo brasileiro, esse valor é repassado à entidade em aportes e, até agora, o total investido pelos países-membros soma US$ 4,473 bilhões, cifra próxima à citada por Temer em Buenos Aires. Ao afirmar que o banco já se mostrou rentável, como fez na Argentina, o presidente deveria observar a posição financeira atual e pública da instituição. Em setembro de 2018, documentos oficiais mostravam que o banco tinha US$ 10,354 bilhões. Neste total, já estão computados como parte do patrimônio os US$ 10 bilhões que ainda não foram integralmente repassados. Nas contas do próprio banco, a rentabilidade, desde sua criação, seria de 3,54%. Não teria “multiplicado” como disse Temer.
“No nosso governo [Temer] (...) o desmatamento da Amazônia foi reduzido em 12%”
EXAGERADO Em 2016, quando Temer assumiu a Presidência, o Prodes, projeto do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) com informações do desmatamento na Amazônia Legal, indicava que a área desmatada era de 7.893 km². Em 2018, essa área é de 7.900 km². Ou seja: não houve redução. Os relatórios do Prodes são anuais e mostraram diminuição de 12% no desmatamento no período entre 2016 e 2017. Mas o último levantamento, divulgado em 23 de novembro, revelou uma retomada no aumento da área desmatada no último ano de Temer. Esse relatório não considera o estado do Amapá. Assim, segundo o Prodes, a área desmatada pode ter crescido ainda mais no último ano. O boletim mais recente do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, de agosto de 2018, indica um aumento de 199% na área desmatada na Amazônia Legal. Eram 182 km² desmatados em agosto de 2017 e 545 km² neste ano. Procurada, a Presidência não se manifestou.
“A proporção de fontes renováveis na matriz energética brasileira já supera os 40%, frente a uma média mundial que não passa de 14%”
VERDADEIRO De acordo com dados da Empresa de Pesquisa Energética, subordinada ao Ministério de Minas e Energia, a matriz energética brasileira é composta por 43,5% de fontes renováveis. De fato, no mundo, apenas 14,1% do consumo de energia é proveniente de fontes renováveis.
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