Anistia Internacional critica julgamento de advogado de direitos humanos na China

Para a organização, a acusação de subversão da justiça chinesa contra Wang Quanzhang é uma farsa

Tianjin (China) | Reuters

O julgamento de um destacado advogado chinês de direitos humanos acusado de subversão terminou nesta quarta-feira (26) sem que um veredito fosse anunciado, em uma audiência que a Anistia Internacional chamou de "farsa".

Wang Quanzhang, que assumiu casos delicados, como queixas de tortura policial, e defendeu seguidores do movimento espiritual proibido Falun Gong, desapareceu em agosto de 2015, durante uma ampla operação de repressão a ativistas de direitos humanos.

Tribunal de Tianjin, onde o advogado Wang Quanzhang está sendo julgado - Thomas Peter/Reuters

A maioria dos casos daquela operação foi concluída. Wang, porém, ficou incomunicável durante mais de 1.000 dias, e seu caso atraiu atenção internacional.

Investigadores disseram que "durante muito tempo ele foi influenciado por forças anti-China infiltradas" e que foi treinado por grupos do exterior e aceitou seu financiamento, de acordo com uma cópia do indiciamento vista pela Reuters.

A polícia afastou jornalistas não chineses e diplomatas ocidentais do tribunal fortemente protegido de Tianjin, cidade portuária no norte do país, e proibiu a entrada de apoiadores e familiares de Wang.

O tribunal decidiu, em consonância com a lei, realizar um julgamento fechado, já que o caso envolve segredos de Estado, informou a corte em um comunicado, acrescentando que o veredito será divulgado em uma data posterior, mas sem dar outros detalhes.

Yang Chunlin, ativista que já foi preso por subversão, se postou diante da corte gritando "Wang Quanzhang é uma boa pessoa" e "Eu apoio Wang Quanzhang" até que agentes à paisana o forçaram a entrar em um carro e saíram em disparada.

Apoiador de Wang Quanzhang é detido em frente a tribunal em Tianjin - Thomas Peter/Reuters

O indiciamento diz que Wang trabalhou com Peter Dahlin, ativista sueco de direitos humanos que foi detido na China durante três semanas e deportado em 2016, e com outros para "treinar forças hostis" e fornecer reportagens investigativas sobre a China a estrangeiros.

Ligações feitas ao tribunal em busca de informações adicionais não foram atendidas.

O grupo de direitos humanos Anistia Internacional disse que o julgamento de Wang é uma "armação cruel".

"Este julgamento é uma farsa na qual Wang Quanzhang está sendo perseguido apenas por defender pacificamente os direitos humanos", disse Doriane Lau, pesquisadora da China no grupo. 

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