O governo boliviano questionou nesta quarta-feira (26) a versão apresentada pela imprensa argentina de uma mulher que foi resgatada após passar 32 anos sequestrada e disse que ainda não é possível confirmar sua história.
Segundo as informações iniciais, divulgada pelo jornal Clarín, a mulher seria uma argentina de Mar del Plata que foi sequestrada em 1987 aos 13 anos –atualmente ela tem 45– e levada para um prostíbulo na Bolívia por traficantes de seres humanos. Seu nome não foi revelado.
Em 2014 a Argentina reabriu o caso e em 2017 os investigadores receberam uma denúncia anônima de que a mulher trabalhava no mercado central de Bermejo, cidade boliviana que faz fronteira com a província de Salta, na Argentina.
Com isso foi montada uma força-tarefa para investigar o assunto entre a Gendarmeria argentina e a Força Especial de Luta contra o Crime da polícia boliviana.
Na semana passada este grupo realizou uma operação conjunta para resgatar a mulher e uma criança de nove anos que seria seu filho. Segundo o Clarín, os dois voltaram para a Argentina no sábado (22) e puderam passar o Natal com a família em Mar del Plata depois de 32 anos.
Mas o governo boliviano colocou em dúvida essa versão e afirmou que é muito cedo para saber o que de fato ocorreu.
“A polícia nacional (da Bolívia) está lidando com a hipótese de que não é um caso de tráfico”, disse o ministro de Governo do país, Carlos Romero, em entrevista coletiva.
De acordo com ele, há dúvidas sobre os detalhes do caso porque a mulher possuía documentos bolivianos e trabalhava normalmente no mercado de Bermejo. “Nunca se registrou uma denúncia ou indício de atividade suspeita”, disse ele.
O ministro também afirmou que a Bolívia nunca recebeu nenhuma denúncia do crime e que o país está trabalhando com as autoridades argentinas para tentar esclarecer o que aconteceu.
Segundo o Clarín, ela foi sequestrada por um boliviano de cerca de 50 anos que namorava sua irmã mais velha, que também foi levada para o prostíbulo, mas conseguiu fugir três meses depois.
Ao regressar, ela denunciou o caso, mas não soube indicar o local exato do cativeiro, onde sua irmã ainda estava.
O governo argentino ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto e não comentou as declarações do ministro boliviano.
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