Drones e cães ajudam no resgate a vítimas de tsunami na Indonésia

Faltam água e remédios para desabrigados; onda gigante deixou mais de 420 mortos e 1.400 feridos

Menina caminha entre escombros após tsunami na província de Pandeglang, na Indonésia
Menina caminha entre escombros após tsunami na província de Pandeglang, na Indonésia - Veri Sanovri/Xinhua
Labuan e Carita (Indonésia) | AFP, Reuters e Associated Press

Equipes de resgate na Indonésia usam drones e cães farejadores para procurar sobreviventes ao longo da devastada costa oeste de Java, atingida por um tsunami que matou ao menos 429 pessoas, afirmando que devem encontrar mais vítimas nos escombros.

Nuvens de fumaça espessas continuam saindo da ilha vulcânica Anak Krakatoa, cuja erupção em um período de maré alta no sábado causou deslizamentos submarinos e deslocou grandes massas de água, que atingiram as ilhas de Sumatra e Java.

Vista aérea de botes pesqueiros destruídos pelo tsunami na vila de Teluk, província de Pandeglang
Vista aérea de botes pesqueiros destruídos pelo tsunami na vila de Teluk, província de Pandeglang - Du Yu/Xinhua

A destruição é visível ao longo de quase todo o litoral, no qual ondas de até 2 metros de altura atingiram veículos, árvores e casas.

Ao menos 154 pessoas continuam desaparecidas, mais de 1.400 ficaram feridas e milhares de moradores tiveram que se mudar para áreas mais elevadas, diante do alerta de maré alta estendido para a quarta-feira.

"Como o Anak Krakatoa tem estado ativamente em erupção nos últimos meses, tsunamis adicionais não podem ser excluídos", disse o professor Hermann Fritz, do Instituto de Tecnologia da Geórgia, nos EUA.

Trabalhadores humanitários alertaram para os riscos de crise sanitárias, e as reservas de água e medicamentos são cada vez menores. "Muitas crianças estão doentes, têm febre, dor de cabeça e não há água suficiente", explicou Rizal Alimin, médico da ONG Aksi Cepat Tanggap, em uma escola transformada em abrigo improvisado.

No país de maioria muçulmana, a minoria cristã celebrou o Natal rezando pelas vítimas do desastre. Em Carita, foi organizada uma missa curta na igreja pentecostal Rahmat, perto de uma das áreas mais afetadas pelo desastre.

Os esforços de resgate têm sido dificultados por fortes chuvas e baixa visibilidade. Equipes militares e de voluntários usaram drones para calcular a extensão dos danos ao longo da costa.

Os resgatistas usaram maquinário pesado, cães farejadores e câmeras especiais para detectar e retirar corpos do meio da lama, além dos destroços ao longo da área de 100 quilômetros de extensão atingida. Autoridades afirmaram que o raio de buscas deve ser expandido para o sul.

“Há várias localidades que achávamos que não tinham sido afetadas. Mas agora estamos alcançando áreas mais remotas… e de fato há muitas vítimas nelas”, disse Yusuf Latif, porta-voz da agência nacional de buscas e resgates.

Sobrevivente do tsunami no hospital na província de Lampung nesta terça (25)
Sobrevivente do tsunami no hospital na província de Lampung nesta terça (25) - Mohd Rasfan/AFP

Após o deslizamento de terra submarino pela erupção, demorou apenas 24 minutos para que as ondas atingissem a costa. Uma falha no sistema de detecção piorou a situação — em tuítes posteriormente apagados, a Agência Nacional de Gestão de Catástrofes afirmou que não havia ameaça de tsunami. 

O monitoramento das marés e a organização e estruturação de dados são as principais ferramentas das agências indonésias para prever os tsunamis, geralmente depois de um terremoto, o que não foi o caso. 

Milhares de pessoas estão em tendas e abrigos temporários como mesquitas e escolas. Comida, água, travesseiros e remédios estão sendo levados para áreas remotas por meio de estradas engarrafadas.

"Estou aqui há três dias", declarou Neng Sumarni, 40, que dorme ao lado dos três filhos e do marido no chão da escola, assim como outras 30 pessoas. "Tenho medo porque minha casa fica muito perto da praia".

Atmadja Suhara, da prefeitura de  Labuan, disse que estava ajudando a cuidar de 4.000 flagelados. “Todo mundo está ainda em pânico. Nós temos desastres com frequência, mas não tão ruins quanto este”, afirma.

"As pessoas continuam sem acesso à água potável. Muitos flagelados seguiram para zonas elevadas e não conseguimos chegar até eles".

Localizada no Anel de Fogo do Pacífico, uma das áreas mais propensas a desastres naturais no planeta, a Indonésia registrou neste ano o maior número de vítimas de desastres em mais de uma década.

Em setembro, na cidade de Palu, na ilha de Sulawesi, um terremoto seguido de tsunami matou quase 2.000 pessoas.

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