Espanha pede extradição de terrorista encontrado no Brasil

Buscado por sua participação em atentado, Carlos García Juliá era motorista de aplicativo em SP

Madri | AFP

A Audiência Nacional espanhola solicitou a extradição de um ultradireitista procurado internacionalmente por sua participação em um atentado cometido contra advogados comunistas em Madri em 1977, preso no Brasil em dezembro, segundo um auto revelado nesta terça-feira (18).

O tribunal, especializado, entre outros, em extradição, pediu ao governo espanhol "que solicite às autoridades correspondentes do Brasil a extradição do requisitado Carlos García Juliá", 63, indicou a ordem, datada de 11 de dezembro. 

A Justiça espanhola procura "cumprir os mais de 10 anos de prisão" que restam da sentença que recebeu em 1980 pelo assassinato de cinco pessoas em um escritório de advocacia, explicou um comunicado da Audiência Nacional. 

Carlos García Juliá, hoje com 63 anos, era procurado internacionalmente por sua participação em um ato terrorista de 1977 em Madri, na Espanha - Reprodução

Em 24 de janeiro de 1977, García Juliá e outros três militantes de extrema direita invadiram com armas de fogo o escritório de advocacia e assassinaram três advogados comunistas, um estudante de direito e um funcionário. 

O "Massacre de Atocha", em referência à rua Atocha, onde aconteceu o atentado, causou comoção na Espanha, que se encontrava em plena transição para a democracia e era abalada por ataques. Os fatos pesaram na decisão de legalizar o Partido Comunista alguns meses depois. 

Em 1991, García Juliá recebeu a liberdade condicional e foi autorizado a viajar para o Paraguai, onde fugiu e iniciou um périplo pela América do Sul. 

Ele teria passado ainda pela Argentina, pelo Chile e pelo Bolívia. Neste último país, ele chegou a ser preso por tráfico de drogas, mas voltou a fugir durante uma permissão penitenciária.

García Juliá foi preso novamente em 5 de dezembro no Brasil. 

O chefe da PF em São Paulo, Disney Rosseti, afirmou que o espanhol vivia no Brasil ao menos desde 2001. Ele entrou por Pacaraima, em Roraima, com documentos falsos venezuelanos usando o nome de Genaro Antonio Materan Flores. 

Em 2009, ele fez um pedido para visto temporário, que não renovou dois anos depois, o que levantou suspeitas da PF.

A investigação sobre seu paradeiro começou em maio. Os agentes encontraram dois endereços registrados em seu nome, um deles na Barra Funda. Ele morava com uma brasileira, que não foi identificada.

Ele está sob a custódia da PF em uma cela em São Paulo.

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