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Festas em família? Prepare-se para discutir a crise da Venezuela

A ditadura de Nicolás Maduro enfrenta uma crise humanitária e hiperinflação

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São Paulo

20 anos, a Venezuela sofria com os altos índices de corrupção, pobreza e a grande desigualdade social. O país possui a maior reserva de petróleo do mundo, o que, como sua história recente mostra, tem sido uma bênção e uma maldição.

O preço da commodity quadruplicou entre 1998, quando Hugo Chávez tomou posse como presidente pela primeira vez, e 2013, quando o líder morreu. A exportação de petróleo bruto garantiu um fluxo constante de capital estrangeiro à Venezuela e financiou diversos programas sociais implementados pelo governo chavista.

Nicolás Maduro e Hugo Chávez; ambos sorriem para a foto
Nicolás Maduro, à época ministro de relações exteriores, e Hugo Chávez participam de cúpula Bolívia em 2012 - David Mercado - 21.dez.2012/Reuters

A queda do preço do petróleo, os altos gastos do governo, a corrupção e o isolamento internacional causariam, junto com outros fatores, uma crise humanitária sem precedentes na América do Sul nos anos que se seguiram.

Desde 2014, o ditador Nicolás Maduro tem reprimido protestos e opositores com violência. O regime mantém o discurso de que não há desabastecimento de alimentos e remédios.

A fome fez os venezuelanos perderem, em média, 11 quilos no ano passado. Reportagem da Folha do início do mês descreve a decadência de Caracas, onde a crise ainda é mais branda do que no interior do país, como um "cenário de abandono do filme 'Mad Max'".

Entenda a situação do país vizinho e prepare os argumentos para as festas de fim de ano.

A Venezuela é uma ditadura?

Um relatório da ONU divulgado de agosto de 2017 concluiu que o governo venezuelano abusou do uso da força para manter-se no poder. 

“A democracia na Venezuela está à beira da morte, se é que ainda está viva”, afirmou o então Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, Zeid Al Hussein.

Na mesma época, a Folha passou a se referir à Venezuela como ditadura e a Nicolás Maduro como ditador. 

A supressão dos poderes do Legislativo, o aparelhamento do Judiciário, a prisão de opositores, a repressão a protestos e o cerco à imprensa foram exemplos da deterioração da democracia citados.
Estados Unidos, Canadá e a União Europeia impuseram sanções a membros do governo acusados de corrupção e violações de direitos humanos.

As pessoas passam fome na Venezuela?

De acordo com a FAO, braço da ONU para alimentação e agricultura, em setembro de 2018 cerca de 11,7% da população passava fome. O valor corresponde a 3,7 milhões de pessoas, ou pouco mais que três vezes a população da cidade de Campinas (SP). 

Levantamento da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, de fevereiro de 2018, concluiu que quase 70% das crianças de até cinco anos estão desnutridas —15% delas, em quadro agudo.

O país receberá ajuda internacional?

A ONU liberou, em novembro, o equivalente a R$ 25 milhões para a Venezuela. Outros R$ 10 milhões devem ser disponibilizados em breve.

A maior parte dos recursos vem da OMS (Organização Mundial da Saúde) e tem como destino o atendimento médico urgente para a população vulnerável. Há também investimentos previstos para a nutrição de crianças.

Quantos venezuelanos estão vivendo no Brasil?

Cerca de 30,8 mil, segundo estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Desses, aproximadamente 10 mil cruzaram a fronteira no primeiro semestre de 2018.

Do total de imigrantes que vieram para o Brasil, 99% estão em Roraima —na fronteira, em Pacaraima, e em Boa Vista. O número de venezuelanos vivendo no estado corresponde a cerca de 8% da população da capital.
 

5 mil
deixam o país diariamente

3,3 milhões
de pessoas saíram da Venezuela desde 2015

5,3 milhões
é o número estimado de venezuelanos que deixarão o país até dez.2019

segundo estimativas da ONU


E a economia?
A economia venezuelana encolheu pela metade nos últimos cinco anos, uma contração pior do que a da crise mundial de 1929, segundo o jornal Financial Times. A inflação no país é similar à da Alemanha em 1923.

Corrupção e má gestão levaram a produção de petróleo a atingir o menor patamar dos últimos 75 anos —90% da receita de exportação do país vem da venda da commodity.

Reportagem da Folha do início de dezembro mostrou que a crise econômica levou venezuelanos a enterrar parentes no quintal de casa. Sepulturas e caixões tornaram-se caros demais para a maior parte da população.

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