Mais de 250 jornalistas estão presos no mundo em 2018, mostra relatório

Número de profissionais detidos sob a acusação de 'notícias falsas' cresceu neste ano, diz ONG

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo | Reuters

Ao menos 251 jornalistas estão presos no mundo por exercer sua atividade profissional, mostra um relatório divulgado nesta quinta-feira (13) pela organização internacional de defesa da liberdade de imprensa CPJ (Comitê para a Proteção dos Jornalistas).

É o terceiro ano consecutivo em que o número de profissionais presos supera os 250. Em 2016, foram 259 e no ano passado, 272, um recorde desde o início da contagem, no ano 2000.

Manifestantes protestam contra prisão de jornalistas na Turquia
Manifestantes protestam contra prisão de jornalistas na Turquia - Ozan Kose/AFP

O cenário é o “novo normal” em um contexto em que vários países adotam uma “abordagem autoritária em relação à cobertura noticiosa crítica”, diz o documento, que é divulgado anualmente.

O levantamento revela ainda que em 2018 houve um notável aumento no número de detidos por “notícias falsas”:  agora são 28, comparado com nove apenas dois anos atrás. Destes, 19 estão no Egito, 4 em Camarões, 3 em Ruanda, 1 na China e 1 no Marrocos.

Publicado na mesma semana em que a revista americana Time escolheu jornalistas ameaçados para sua edição anual de “pessoa do ano”, o relatório critica o presidente americano Donald Trump por frequentemente caracterizar a cobertura negativa da mídia como “fake news”.

Um banco de dados do CPJ traz o nome de todos os detidos e permite filtrar a busca por país de origem, gênero e área de atuação do profissional, entre outros critérios.

Pelo terceiro ano consecutivo, mais da metade desses profissionais estão detidos na Turquia, na China e no Egito, onde autoridades têm acusado repórteres de atividades antigovernamentais.

Nas Américas, a Venezuela é líder da lista, com três jornalistas na prisão até 1º de dezembro. No Brasil, o CPJ contabilizou um registro, relativo à prisão do jornalista esportivo Paulo Cezar de Andrade Prado, preso por difamação em novembro deste ano.

A maioria dos presos enfrenta acusações como de pertencer ou auxiliar grupos que as autoridades dizem ser terroristas.

Quase todos foram detidos por governos de seus próprios países —as exceções incluem um ucraniano preso na Rússia e um russo preso na Ucrânia.

Profissionais que cobrem política e direitos humanos são os que correm mais risco, segundo o levantamento. Entre eles, estão os repórteres da agência Reuters Wa Lone e Kyaw Soe Oo, condenados a sete anos em Mianmar por documentar atrocidades cometidas por militares contra pessoas da minoria rohingya.

A Turquia, onde há 68 jornalistas na prisão, tem justificado a ofensiva como parte da repressão a uma tentativa de golpe de estado em 2016.

O alto número de prisioneiros na China — com 47 atrás das grades—  reflete a última onda de perseguição à minoria étnica uigur na região de Xinjiang. Ao menos dez jornalistas foram detidos no país sem direito a julgamento, todos nessa área.

Já o Egito, que mantém 25 repórteres presos, tem afirmado que suas ações para limitar vozes dissidentes são direcionadas a militantes que tentam sabotar o estado.

O levantamento não inclui jornalistas que desapareceram ou são mantidos em cativeiro por agentes não estatais. Segundo o CPJ, há dezenas de repórteres nessa situação no Oriente Médio e no norte da África.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.