Mais velha juíza da Suprema Corte dos EUA é operada por câncer de pulmão

Saúde de Ruth Bader Ginsburg, 85, é motivo de interesse devido à possibilidade de abertura de vaga na corte

Ruth Bader Ginsburg durante sessão de fotos dos juízes da Suprema Corte dos EUA em novembro
Ruth Bader Ginsburg durante sessão de fotos dos juízes da Suprema Corte dos EUA em novembro - Jim Young - 30.nov.18/Reuters
Washington | Reuters

Ruth Bader Ginsburg, 85, juíza da Suprema Corte dos Estados Unidos, fez uma cirurgia para remover dois nódulos cancerosos do pulmão nesta sexta-feira (21), segundo uma porta-voz.

Segundo a médica que atendeu a magistrada, os dois nódulos foram diagnosticados como malignos e não há indícios de outros tumores. Ginsburg deve se recuperar  no hospital Memorial Sloan Kettering Center, em Nova York, por alguns dias, disse a porta-voz. 

A juíza havia quebrado três costelas em uma queda no mês passado, e fez exames depois do acidente que acabaram constatando os nódulos. 

Nomeada pelo presidente democrata Bill Clinton em 1993, Ginsburg é a juíza liberal mais antiga da corte, que hoje tem 5 juízes considerados conservadores e 4 considerados liberais.

A Suprema Corte voltou a ter maioria conservadora em outubro com a nomeação, pelo presidente republicano Donald Trump, do juiz Brett Kavanaugh, 53, cujo nome foi aprovado depois de um processo conturbado no Senado durante o qual o magistrado foi acusado de assédio sexual.

Kavanaugh substituiu o juiz Anthony Kennedy, 82, que se aposentou.

Trump já havia indicado também à Suprema Corte o juiz Neil Gorsuch, 51, para a vaga do juiz Antonin Scalia, que morreu em 2016.

A saúde de Ginsburg é observada com interesse nos EUA porque, caso ela não possa continuar no cargo, Trump poderia vir a indicar mais um juiz, aprofundando ainda mais a inclinação à direita da corte. Uma maioria conservadora de 6 a 3 poderia ter consequências importantes em decisões sobre questões polêmicas como direito ao aborto, pena de morte, direitos eleitorais, direitos de homossexuais e liberdade religiosa, entre outros.

A juíza já teve problemas de saúde anteriores: foi tratada em 1999 de um câncer de cólon e em 2009 de um câncer pancreático. Em 2014, ela realizou uma cirurgia cardíaca para colocação de um stent. 

Ginsburg é considerada uma heroína por alguns setores liberais, por ter defendido igualdade de gênero em diversas decisões em seu período na Suprema Corte. Ela se tornou uma espécie de figura "cult", com o apelido "Notorious RBG" ("notória RBG", suas iniciais, uma referência ao rapper Notorious BIG).

A juíza foi a segunda mulher a chegar à Suprema Corte dos EUA, depois de Sandra Day O'Connor, indicada em 1981 por Ronald Reagan.

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