Novo governo do México abre residência presidencial para o público após 84 anos

López Obrador anunciou que não irá morar no local e que quer transformá-lo em um centro cultural

Mexicanos entram na residência oficial Los Pinos no primeiro dia de visitação pública desde a inauguração do local, em 1934
Mexicanos entram na residência oficial Los Pinos no primeiro dia de visitação pública desde a inauguração do local, em 1934 - Lalo de Almeida/Folhapress
Fabiano Maisonnave
Cidade do México

“No presidente ninguém toca!”

A frase, estampada em uma das paredes do suntuoso complexo Los Pinos, chamou a atenção dos visitantes que, pela primeira vez, puderam circular livremente pela residência oficial dos presidentes mexicanos, neste sábado (1º).

Em decisão carregada de simbolismo, a abertura do local ao público, às 10h, coincidiu com o início da cerimônia de posse do esquerdista Andrés Manuel López Obrador. No discurso, prometeu combater a corrupção e cortar privilégios de altos funcionários, incluindo reduzir seu próprio salário em 60% e colocar o avião presidencial à venda.

Los Pinos funcionava como residência oficial desde 1934, mas López Obrador decidiu continuar morando em sua própria casa e transformar o espaço de 56 mil metros quadrados em espaço cultural. A partir de agora, os aposentos presidenciais, edificações históricas, incluindo um prédio do século 16, e o amplo jardim terão acesso livre e gratuito.

O primeiro dia de visita, no entanto, teve pouca presença do público, contrariando as expectativas. Até 1 hora antes da abertura do portão, havia apenas jornalistas no local.

A frase, acompanhada de uma placa comemorativa, foi inaugurada em 2013. Trata-se de uma homenagem a dois militares que, em 1913, salvaram o então presidente Francisco Madero de um ataque armado.

O contexto histórico, no entanto, mudou, e o brado foi lido pelos visitantes como símbolo dos privilégios dos antecessores de López Obrador, muitos deles envolvidos em escândalos de corrupção.

“Ninguém conhecia essa frase. Vai contra a lei, a moral e a religião. AMLO não compartilha dela”, disse o administrador Mario Medina, 57, referindo-se ao novo presidente pelas iniciais do seu nome.

“É como dizer que eram intocáveis, é muita imposição”, disse o assessor parlamentar Rutilo Rosas, 48, empunhando bandeiras do México e do Morena, o partido governista. “Não é correto, AMLO vai acabar com isso.”

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